Friday, February 27, 2004

 
Este dia revelou-se bastante produtivo. Eis os factos:

- Pelas 7:30 da matina ja a Ines estava a pe', a vestir o fato de banho, para ir ate' a piscina dar umas bracadas. Nada como a agua fria para abrir a pestana. Contudo, apos 2000 metros, so' me apetecia era ficar a dormir outra vez mas, apos regressar a casa e retemperar energias com um pequeno almoco substancial, la' reuni animo para me por a caminho do lab. O trabalho correu bem.
- A meio do dia recebi, finalmente, o meu numero se seguranca social e respectivo cartao, sem os quais nao posso fazer coisas simples, como sejam arrendar uma casa, ter um telefone, etc... Assim, menos uma coisa com que me preocupar.
- 15:30 - Estava na hora de ir para uma "audicao". Isso mesmo, uma audicao! Tentei terminar rapidamente as pipetagens que estava a fazer na altura para me ir encontrar com o assistente do laboratorio que, por acaso, e' formado em musica e exerce um cargo de maestro de um dos Coros e Orquestra ca de Nova Iorque. Assim, fomos para um dos auditorios com piano, onde cantei orgulhosamente o Hino Portugues (nao me ocorreu mais nada... que falta de imaginacao, ah! Sera que estou a ficar contagiada pela atitude patriotica dos Americanos?), fiz uns vocalizos, testes de amplitude vocal, audicao e afinacao e eis-me aprovada para integrar o Coro. "Ouvido excelente e voz muito limpa!". Tenho que agradecer estas qualidades aos bons genes e educacao musical que os meus pais me deram! Os ensaios devem comecar para a semana. Estou ansiosa. Vai ser bom fazer algo relacionado com a musica, bem como conhecer pessoas de outros meios, que nao o da ciencia.
Vai ser bom, essencialmente, para a minha estabilidade emocional. A possibilidade de poder lidar com 'agua (natacao) e musica e' algo que me preenche de maneira quase transcendente... quem me conhece bem sabe o que quero dizer! Estou mesmo muito contente!
- Parece que, finalmente, me estou a conseguir ver livre de todo o problema que surgiu ao ter encomendado um computador online, o pedido ter sido cancelado, depois reaberto quando eu ja nao o queria... No fim acabei com dois computadores e uma conta bancaria substancialmente vazia mas, finalmente, ja mandei o computador de volta que, a esta hora, ja deve estar a chegar a California. Vamos la a ver quando e' que o dinheiro e' reposto.
- A minha querida tia, a quem carinhosamente baptizei de Tai-Tai quando ainda mal sabia falar (talvez dai a origem deste nome), mandou-me uma receita de um bolo de chocolate para que eu me console e faca um brilharete nos "muitos eventos sociais" a que vou. Ha uma reputacao a manter, certo? Parece ser simplesmente deliciosa.
Nada como um docinho na boca e um carinho da familia no coracao para nos sentirmos sempre acompanhados! Tai-Tai querida, obrigada!!!!!
- Last but not least... preparem-se, esta e' uma coisa em grande. Tchanam!!! A Ines conseguiu encontrar uma saboneteira. "Fantastico Melga!!". Qual IKEA, Macy's, Bed Bath and Beyhond, qual carapuca! Nada com uma bela, tipica e tradicional "Loja dos Trezentos!"
Ole'!!
E "mai nada"!
Pimba!
Rrrripa na Rapaqueca!!!!
La' estava uma bela caixinha de plastico cor-de-rosa 'a minha espera. E esta, hein! :)

Pois e', foram estas as emocoes do dia.
Sao agora 1:33 da manha e eu ainda ando por aqui a cirandar... nao tenho sono. Acho que e' energia a mais, consequencia de me ter habituado a tanta actividade quando o Joao aqui esteve a semana passada.
Joao, volta!!! :)

Wednesday, February 25, 2004

 
Ola Blog! Ja tinhas saudades minhas? Eu confesso que nao tinha muitas mas que tenho montes de coisas para contar tenho e, como tal, eis-me aqui de novo.
A razao pela qual andei desaparecida foi porque o Joao esteve ca a passar 5 dias comigo. Embora eu ja estivesse super apaixonada pela cidade e encontrasse todos os motivos e mais alguns para gostar dela, o facto de a ter visitado, vivido, experienciado e partilhado com alguem de quem gosto muito fez com que NY se tornasse um lugar ainda mais espectacular. Portamo-nos quais turistas, nao deixando escapar nenhum dos "musts" desta cidade. Comecamos pela Broadway, apos breve caminhada no Times Square, logo apos o Joao ter chegado. Coitado, depois de 4 horas de aviao ainda o esperava esta jornada mas, NY nao para e nos nao podemos parar tambem. Mas, valeu muito a pena o cansaco bem como a hora e meia que passei ao frio em Times Square, durante essa tarde, para conseguir os bilhetes. Fomos ver o "Fantasma da Opera", classico da Broadway que faz jus a classificacao pois, muito embora os varios anos em cartaz, a casa estava cheia. Foi muito bom!
Nos dias seguintes surpreendi o Joao com bilhetes para a NY Opera e para um concerto da NY Philharmonic, que adoramos!! A Opera foi pura e simplesmente espectacular, a comecar pela sala em si, passando pela heterogeneidade do publico, ja para nao falar dos eximios cantores e cenografia. A Filarmonica nao ficou atras, dentro de um estilo diferente, claro. Ouvimos uma sinfonia de Haydn, seguida de um concerto para 2 pianos interpretado pelas irmas Labeque, terminando apoteoticamente com a 10a sinfonia de Shostakovisch que, tal como disse o Joao, mais parecia a banda sonora da Guerra das Estrelas, de tantas emocoes que transmitia. Adoramos... adorei! Sai de la como se de uma sessao de massagens se tratasse, em pleno relaxamento e paz de espirito. Durante o concerto todas as minhas emocoes foram acariciadas: sorri, chorei, sustive a respiracao e repirei de alivio em varias passagens. E, o melhor de tudo, sempre com o Joao ao meu lado. Nao hajam duvidas que NY e um local ideal para se estar apaixonada.
Eu sei, eu sei! Desculpem a lamechice mas, foi tudo tao bom e senti-me tao verdadeiramente feliz durante estes dias que tenho que o partilhar. No Domingo a noite fizemos algo menos erudito e fomos ver o show dos "Blue Men", que tem um pouco de STOMP, focando ao mesmo tempo o facto de obras de arte poderem surgir das coisas mais simples. Foi divertido e colorido... nao so de azul! Durante estes dias passeamos tambem pelas varias avenidas, pelo Central Park, descansamos dentro do Metropolitan Mudeum of Art, na placidez e calma da ala egipcia, calcorreamos Chinatown, SoHo, NoHo, East Village... nao quisemos que nos escapasse nada. Fomos ate ao Financial District onde, inevitavelmente, visitamos o Ground Zero.
A sensacao que se apoderou de mim foi estranha... tal como sucedeu ha uns anos atras, quando visitei o Heysel Park, na Belgica, onde tambem varias pessoas morreram, fruto de barbaridade humana. O branco e o silencio da neve que cobriam o campo eram qual cobertor que nao aquece, frio e com buracos, fonte de uma sensacao de desconforto... de uma corrente de ar constante na alma. Foi o mesmo que senti no Ground Zero, ao imaginar as Gigantes que preenchiam aquele espaco e buraco enormes que agora se abrem aos nossos pes e que tantas vidas levaram com elas. E impossivel ficar indiferente!
Estava frio tambem, mas o Sol brilhou quase sempre e o frio que se fazia sentir era contornado pelas maos dadas com um par de luvas partilhado, um abraco ou simplesmente uma bebida quente num dos muitos Starbucks. Soube deliciosamente entrar no morno destes locais, onde fomos envolvidos nao so pelo calor da sala como tambem pelo calor dos cheiros aromaticos e exoticos e das luzes tenues e aconchegantes. Experimentamos Chocolate quente com Menta, qual After Eight liquido, comemos uma Cookie Gigante, cheia de pepitas de chocolate... que bom!!
Tentamos ir a Estatua da Liberdade mas, porque de manha demoramos sempre imenso tempo a... hhmmm... a terminar o pequeno almoco (delicioso, diga-se! Paozinho acabadinho de sair do forno, feito por MOI, Padeira de NY, segundo o Joao, acompanhado dos mais variados queijos :)) quando la chegamos o ultimo barco ja tinha saido. Nao houve crise! Ficamos sentados a beira rio, a observar o belo perfil da Sra Bartholdi (mae de Frederic Bartholdi, arquitecto que desenhou a estatua da liberdade e que, por falta de imaginacao ou agudo complexo de Edipo decidiu por a cara da mae dele num monumento que viria a ser considerado um simbolo mundial) em contraluz, enquanto o Sol se punha no que, apos algumas trocas, confusoes, risos e consulta de mapa, determinamos ser Oeste... claro!! Por muito inovadora que NY seja, acho que ainda nao inventaram um por do Sol ao contrario ;)
A noite subimos ate ao Empire State Building, de onde vislumbramos um mar de luzes imenso, em todas as direccoes, enquanto que a nossa luz era particular e se destacava: nessa noite o edificio vestira-se de roxo e branco. O Joao concretizou a vontade de mandar um penny la de cima que, pelo menos ate descermos os 86 andares e chegarmos de novo a rua, nao matou ninguem! Espero, entao, que o desejo que lhe esteve associado se realize!
Nao resistimos a voltar a Times Square e, naquele festival de luz, celebrarmos tambem a nossa felicidade. Times Square parou... nao vi mais as luzes, nao se ouviu mais o transito... so existiu eu e o Joao e, por escassos segundos, NY foi infimamente pequena comparada com o mundo que ia no beijo que nos uniu. Ah, a verdadeira felicidade e mesmo feita destas pequenas coisas!
Seguiu-se um jantar delicioso num restaurante Marroquino, oferta do meu "Texano"... la que eles sao cavalheiros sao, esta aqui a prova! Ha mais, mas essas ficam para mim ;)
Na 3a feira parecia que o tempo estava em sintonia com o meu estado de alma. Nevava la fora... e ca dentro tambem. Foi o dia da despedida que, como todas as despedidas, e sempre o menos desejado e mais evitado. Mas, tem que ser... e pode sempre pensar-se que abre portas para outro regresso. Que, espero, seja em breve!

Monday, February 16, 2004

 
Dia 16 de Janeiro, dia do Presidente, feriado Nacional. Como não é o meu presidente não me aqueceu nem me arrefeceu, pelo que vim trabalhar normalmente para o laboratório, onde já não punha os pés desde 6ª feira à tarde. Pode soar estranho mas, nestas coisas da ciência, estar no lab ao fim de semana é coisa rotineira. Mas este fim de semana foi, pela primeira vez, dedicado a mim e a fazer o que eu queria. Pela primeira vez desde que cheguei pude dormir até muito tarde no Sábado. Embora fosse o dia dos namorados, acabou por ser um dia igual aos outros porque o meu estava longe... teremos o nosso dia dos namorados a partir de dia 19, altura em que o João me vem visitar :)
Porque, embora frio, o dia estivesse lindo, decidi apanhar o metro até ao Central Park e, de lá, caminhar até a casa, desta vez pela 5ª Avenida. Isto claro depois da típica actividade de fim-de-semana que é ir para a lavandaria lavar e secar roupa. "Mãe, volta, estás perdoada!!" :D
Na rua só se viam parzinhos e pessoal com flores. Os coches do Central Park, que normalmente estão parados em fila enquanto esperam por algum turista, deste vez não tinha mãos a medir. A noite já caía mas a quantidade de pessoas que ainda queriam andar era tanta que fazia uma fila bastante extensa e que prometia demorar até acabar. Viam-se casais de todos os géneros e houve até um que me despertou particular atenção. Num dos coches seguia um velhinho, dentro dos seus 65 anos, com o seu par, muitos aconchegadinhos e romanticamente abraçados, enquanto cobertos pela mesma manta. Mas, engane-se quem julgar que vou agora descrever uma velhinha adorável, tipo "avozinha". Errado! O respectivo par era, sem tirar nem pôr, um rapaz dos seus 30 anos. E lá iam eles, todos felizes da vida. Isto é NY, nada de preconceitos ou complexos. Acho muito bem!
A 5ª Av. estendia-se à minha frente como uma interminável fita luminosa de Natal. Muita luz, gente, movimento, sons, barulho, risos, cheiros, música, linguagens, culturas, aparências. Um saxofone que conseguia, de vez em quando, vir à superfície do mar de ruídos urbanos. Rockefeller Center, mais luzes, mais brilhos, mais brilho com luz nos olhos das pessoas. Branco do gelo, branco dos dentes nas bocas sorridentes. Festival colorido de gorros, cachecóis, luvas, kispos.Confusão que transmite calma, barulho que não incomoda a alma... inebriante, contagiante. Nova Iorque!! Mais à frente, à direita, 7ª Av., exponencial de luz e cor. Não resisti e, mais uma vez, lá fui eu para o Times Square. Cada vez é sempre uma primeira vez. Dou sempre comigo a sentir uma excitação miudinha cá dentro, uma vontade de sorrir sem explicação aparente, uma euforia infinita. "Pah, adoro mesmo esta cidade!!". Empurrões, tropeções... agradáveis por sinal, manifestação do que aquela massa de gente sente quando está naquela àrea mágica. Impossível ficar indiferente!
Durante este passeio acabei por comprar mais umas coisas para casa onde, cada vez mais, me sinto em casa. Canecas, pratos e tigelas coloridas para a cozinha e um roupão de banho para Moi même com os respectivos chinelitos. Por incrível que pareça, não consegui encontrar um sítio onde comprar uma saboneteira. Acho que o uso do sabonete está fora de moda cá por estas bandas... são tão comodistas que, todos estes Americanos devem usar gel de banho, hehehe. Dá menos trabalho!
No Domingo comprei um tapete para o meu quarto. É das coisas de que me sinto mais orgulhosa pois não foi muito caro e é MESMO fixe. É super fofinho e agradável ao tacto... andar descalça sobre ele parece terapêutico. Hoje, embora fosse 2ª feira, não me importei de pôr os pés fora da cama pois sabia o que me esperava assim que tocasse no chão. Mais uma coisa que me faz zentir confortável. A seguir à compra do tapete e a o ter posto em casa, fui nadar os 2000 metros da praxe na piscina. Saí de lá completamente revigorada mas, ao mesmo tempo, toda partida. Segui para a loja Macy's, onde comprei o roupão mas do qual se esqueceram de tirar um daqueles imans anti-roubo... whatever this means! Aproveitei e comprei também velas pois as que tinha comprado há 2 semanas acabavam sem queimar metade da cera. Fácil, resolve-se já o problema! Chego à loja, digo que quero devolver porque... a mulherzinha nem ouviu o resto. Passo o talão, recebo o dinheiro. "E mai nada!!" :) Welcome to America.
Comprei ainda ingredientes para fazer uma bela sopa de espinafres e, quando finalmente cheguei a casa, estava de rastos. Andei tanto, tanto que estava mesmo cansada. A Sema tinha-me convidado para um festa nesse dia à noite e, embora tivesse dito que ia, até me apeteceu cancelar. Mas, acabei por ir e ainda bem que o fiz. Esta festa tomou lugar em Brooklyn, supostamente no bairro mais cool, in, fashion, bacano, na moda... o que lhe quiserem chamar. Foi em Williamsburg. Fui com a Sema e uma amiga dela de Boston que passou cá o fim de semana, a Andrea (artistas plástica, muito simpática). Ah, e também o nosso amigo "bolo". Era uma festa de "Wine and Dessert" e nós decidimos levar um bolo que a Andrea cozinhou. Estava com tão bom aspecto que, chegadas lá e ao ver que havia tanta coisa para comer, o escondemos e trouxemos de volta para a nossa casa, hehhe. Não se faz, não se faz! Mas, o que é certo é que soube às mil maravilhas hoje de manhã!
O pessoal na festa era super descontraído e alternativo no vestir, mas tudo malta muito porreira. Foi fácil falar com várias pessoas. Toda a gente metia conversa. A música estava muito boa o que, a certa altura, pôs toda a gente a dançar. A casa, anteriormente um espaço aberto tipo armazém, estava dividida com paredes ou cortinas o que lhe conferia um aspecto diferente. No tecto viam-se canos e plásticos e algumas paredes estavam ainda só em tijolo. Tudo tinha sido improvisado mas, no seu conjunto, a casa parecia bastante confortável e interessante... especialmente tendo em consideração que só lá moram homens. Nada mau!
As pessoas eram na sua maioria estrangeiras, algumas advogadas, outros artistas... havia de tudo. Conheci um enfermeiro com quem comecei a ter uma conversa muito interessante sobre cinema e, entretanto, junta-se a nós um produtor de filmes, o que temperou o assunto. Como vêm, havia de tudo. Dançamos muito, comemos e bebemos. Bem, pela minha parte só posso dizer que comi... muito chocolate. Sei que comi de mais pois a certa altura a ideia de comer mais chocolate já me enjoava. Sim, a mim, que sou viciada? Será que estou a ficar velha?!??! :)
No regresso, enquanto íamos no metro, eu sentei-me ao lado de um moço e a Andrea e a Sema à minha frente. Com o desenrolar da conversa, o moço acabou por meter conversa connosco (bem giro por sinal) e reparei que ele tinha só a unha do dedo do meio pintada de vermelho. "I like you nail polish!" disse eu, ao que ele me responde virando-se para mim com um sorriso super maroto, esticando os 2 dedos do meio das duas mãos (o da mão esquerda também pintado de vermelho) e dizendo "Happy Valentine's Day!". Mandei um mega gargalhada. Achei aquilo mesmo fixe!!!! Mesmo fixe! Eu também já não podia mais com o dia dos namorados e, tal como aquele rapaz, acho uma parvoíce haver um dia para se celebrar e agir como, afinal de contas, deveríamos fazer todos os dias com a nossa cara metade. Curti mesmo a atitude e disse-lhe logo, "You're gonna be on my Online diary!". E ei-lo! :)
Ainda bem que o dia dos namorados já acabou.... contudo, o Empire State Building continua romanticamente iluminado de vermelho!

Saturday, February 14, 2004

 
Hoje nao tenho nada em especial para vos escrever excepto o facto de que o estou a fazer em casa, sentadinha 'a minha secretaria, no meu novo computador. Consegui resolver o problema da ligacao 'a Internet e eis-me online, 'a borlix.
Acabei de chegar da minha primeira saida 'a noite com a "comunidade" Portuguesa ca' do sitio e foi mesmo muito porreiro.
Fomos ate' um bar na Chinatown, chamado Double Happiness, onde foi gravada uma cena do excelente filme do Spike Lee "25th hour". O ambiente e' muito acolhedor, mantendo as pessoas agradavelmente envoltas na cumplicidade tipica da penumbra da luz das velas, ao som de bons ritmos e sons. Encontra-se numa cave que passa quase despercebida a um transeunte mais distraido mas que, para os "Nova Iorquinos", parece ser um ponto de paragem obrigatorio. Esteve sempre cheio e, note-se, sem pinta de fumo de tabaco. Assim, ate' da' gosto!
No regresso a noite ja' estava bastante fria. Ao que parece, os recentes dias "amenos" sao sol de pouca dura. Esperam-se temperaturas negativas para este Domingo outra vez... brrr!
Uma vez que sai do lab as 8:30 da manha, acabei por ir para casa dormir um pouco. Fi-lo ate as 12h e decidi entao ir ate' 'a piscina. Soube, mais uma vez, muito bem. Nadei mais 2000 metros que, de inicio custaram um pouco devido 'as dores musculares mas que, depois de aquecida, ate se tornaram faceis. Nao e' o mar mas, ao menos, e' azul e tem agua... consigo obter alguma tranquilidade de espirito e relaxamento.

Friday, February 13, 2004

 
É verdade! Coisas relevantes... pelo menos para mim:

- Fez ontem, dia 12, um mês que vim para cá. Em algumas coisas parece-me que já foi há muito tempo mas, em contrapartida, outras há que me fazem pensar que estou cá há pouco tempo, uma vez que ainda não usufruí propriamente da cidade. Mas, a seu tempo virá.
- Nos últimos dias o Empire State Building tem estado iluminado com as cores da bandeira nacional, devido a ser o dia do Presidente Abraham Lincoln. Anedoticamente, o mesmo edifício esteve revestido das cores amarelo e roxo nos dias anteriores, em honra do concurso canídeo cujos prémios, pomposas medalhas, são dessas cores. Curiosa a hierarquização, não?
- Quando hoje vim para o lab, por volta das 2:30 da manhã, parecia uma personagem de uma versão amaricada de um filme de terror. Ali vinha eu, com o meu belo casaco amarelo e gorro vermelho, empunhando na mão esquerda um martelo (nada de foices). Aterrador, não acham? Pelo menos, original... catanas, facas, espadas e afins já estão mais que vistas, hehe! Senti-me verdadeiramente ameaçadora, qual capitão Spitz (penso que é este o nome) da BD Calvin and Hobbes. A razão pela qual trazia tal ferramenta é porque a vou devolver a um rapaz do lab que ma emprestou para as minhas mudanças. Uma vez que era bastante tarde, quis demonstrar a quem quer que se cruzasse comigo, que tinha com que me defender. Vai uma martelada na carola!! Por acaso, houve um senhor que so recomeçou a andar depois de eu passar. Se calhar tinha mesmo um ar ameaçador!

E toca um fadinho da Mariza para abrir a pestana... são 7:08 e ainda estou à espera do próximo estado de desenvolvimento dos embriões. Ooops, eis o bip... estão-me a chamar! :)

 
3:30 da manhã e cá a JE no laboratório... trabalho a quanto obrigas. Mas, desde que corra bem, vale sempre a pena.
Hoje pensei já vos estar a escrever do meu belo PowerBook G4, acabadinho de chegar mas, não consegui estabelecer a conecção para a Internet. Para adiantar serviço, ontem fui ao departamento que trata destas coisas para obter um username e uma password... se usar o servidor da NYU tenho Internet à borlix. Acontece que me calhou um paspalho que deve ter acordado de cú para o ar (na falta de outra coisa erguida, certamente) que me atendeu cheio de má vontade. A qualquer pergunta que eu fizesse, para me certificar que tinha percebido correctamente, respondia-me algo como "Mas que mais é que achas que pode ser? Parece-lhe plausível que haja outro procedimento?". "Oh minha abétula, poupavas muito mais energia se me respondesses Sim ou Não, em vez de estares com esse relambório de frustrado!!". Claro que isto sou eu armada em má porque, embora isto me tenha passado pela cabeça, limitei-me a dizer "OK!". Conclusão, amanhã (que já é hoje) lá vou eu outra vez estimular-lhe a molécula. Pode ser que eu tenha sorte e que me calhe outro mais simpático, se bem que no que toca a computadores sorte não é propriamente o adjectivo que me vem à cabeça.
Comprei o MAC pela net fornecendo os dados do cartão bancário americano. Contudo, passados uns dias, recebo um email da Apple a dizer que não foi possível estabelecer a transação bancária, pelo que o meu pedido tinha sido cancelado. Assumi que o erro se devesse a um qualquer limite bancário diário que o meu cartão tivesse e então fiz um novo pedido, deste feita com os dados bancários de outra pessoa, a quem passei o respectivo cheque. Ora, passado um dia, os marmanjos da MAC mandam-me outro email a dizer que, afinal, foi possível estabelecer a transacção. Conclusão, passei de não ter nenhum computador a ter dois... e uma conta bancária significativamente vazia.
Agora, a pobrezinha da Inês, tem que ir para a rua pedir esmola, com os seus 2 computadores topo de gama, únicos bens que possui! :)
Claro está que lhes telefonei logo para tratar do assunto. É curioso como em situações de stress o meu Inglês funciona que é um maravilha... devia ser ao contrário. Falei-lhes no típico discurso Americano em que eles é que arranjaram o problema, eu sou o cliente, estou com a razão e, portanto, que resolvam o problema o mais rápido e melhor possível (se não querem que os processe... mas esta ficou em pensamento, hehehe. Ando a ver filmes a mais!). Estou agora a receber tratamento personalizado e detalhado pelo que, espero, dentro em breve, este problema estará resolvido e o dinheiro será reposto na minha conta... sim, porque para tirar o dinheirinho de lá foram tão rápidos quanto os bancos Portugueses.
Hoje estou com aquela agradável sensação de dor muscular, resultante de exercício físico após algum tempo sem o practicar. Fui ontem pela primeira vez ao ginásio, para nadar. Foi um espectáculo!! Nadei, das 22h às 23h, 2000 metros, numa piscina enorme, quase vazia exceptuando uma ou outra pessoa que aparecia e desaparecia entretanto, vigiada por 3 salva-vidas. Estes americanos não brincam em serviço. Todas as regras de segurança são cumpridas ao pormenor. Seguiu-se um banho revigorante num chuveiro super potente, com possibilidade de se mudar o fluxo de água para massajar. Hhhmmm, mesmo o que estava a precisar depois de passar o dia a stressar com os caramelos da MAC. No ginásio, mediante o pagamento de $10 receberei duas toalhas até ao fim de Agosto e, por direito, um cadeado para o cacifo. É mesmo muito conveniente dado que há tantos estudantes e gente a entrar e a sair. O ambiente é super agitado e interessante. Muitos embora todos estejam ali para exercitar e vestidos como tal, continuam-se a distinguir os estilos intrínsecos a pessoas de artes, ciências ou letras. Acho que será fácil conhecer pessoas por lá... ontem conheci logo uma Russa que se ofereceu logo para me vender mobília. Azarito querida, já tratei disso!
Hoje queria ir igualmente nadar mais um pouco mas, os planos foram todos por água abaixo... ou antes, ficaram sem água! Queria comprar bilhetes para um espectáculo da Broadway e, para tal, caminhei até Washington Square, onde se encontra o polo principal da NYU e também a central de bilhetes, onde há descontos para estudantes (só mesmo nessas circunstâncias é que posso adquirir ingressos para tal evento). Chegada lá, bati com o nariz na porta. A bilheteira só abria às 12:30 e eu não podia esperar porque tinha embriões a crescer. Assim, voltei para o lab e decidi comprar os bilhetes da parte da tarde. Planeei ir lá às 17:30 para regressar por voltas das 18:30, o que ainda me dava tempo para ir nadar dessa hora até às 20h. Qual quê... o plano até era bom e exequível mas, a totoinha da Inês pura e simplesmente "perdeu-se" no metro. O que se passou foi que na linha que eu queria passam 4 metros, uns que param em todas as estações e outros que vão directos a paragens mais longínquas. De início apanhei um destes e vi a paragem que eu queria passar-me à frente. Assim que pude, saí e tentei parar na estação que queria no regresso. Parecia um filme cómico... mais uma vez, meti-me num metro que me permitiu uma vista previlegiada da dita plataforma, mas sem parar lá. Voltei, então, ao ponto de partida. Dou nova olhada ao mapa, excluo o metro W (que era no qual eu tinha feito esta primeira tour) e vai de decidir que o que eu queria era o N, Downtown. Espero na linha correspondente, vem o metro e entro, toda contente. Pois, pois... vai de ver outra vez a "8th street" (paragem que eu queria) a passar à minha frente e népias de conseguir lá chegar. Acontece que na mesma linha que o N corre o Q e eu não reparei que estava a entrar neste último. No regresso, nova tentativa para ficar na 8th street, novo falhanço... e vão duas viagens no carrocel. Finalmente, à 3ª, consigo sair na 8th street. É o que faz não estar habituada a metros com 4 linhas! Bem, lá vou eu toda lampeira à central de bilhetes e, qual não é a desilusão, após este esforço Herculeo, quando me dizem que os bilhetes já esgotaram. É preciso ter azar... começaram a ser vendidos hoje! Claro está que a ida à piscina ficou sem efeito uma vez que perdi uma hora a "passear" de metro. Mas, durante as 5 viagens que fiz, até deu para observar pessoa bastante curiosas. Uma, em particular, chamou-me a atenção pelo ar mórbido. Era uma moça, de aproximadamente 25 anos, muito branca. Os olhos eram azuis muito claros e, pos ser tão branca, as veias transpareciam um tom igualmente azulado. O cabelo era preto azeviche, com reflexos roxos, sendo também roxos o camiseiro e a mala, que se destacavam na idumentária totalmente negra. Está-se mesmo a ver o que ela me lembrou... um belo de um vampiro. "Será?". Bem, em NY tudo é possível... porque não? (já sei, já sei... filmes a mais!). Esqueci-me de ver como eram os dentes mas ela não estava com cara de bons amigos e, portanto, não os mostrou!
Bem, não consegui exercitar a nadar mas bem que o fiz a andar, a subir e descer escadas. Pode ser que amanhã lá consiga ir, está-me mesmo a apetecer. Não sei é se depois desta noitada terei energias... são agora 5:30 da manhã. Os embriões esperam-me...

Tuesday, February 10, 2004

 
Lá fiz o desvio necessário para ir ao ginásio mas, quando lá cheguei, o gabinete onde supostamente tinha que obter o dito formulário e que, repito, me confirmaram estar aberto ao Sábado, estava fechado. Há coisas que não acontecem só em Portugal. O que é certo é que o facto de lá ter ido pela segunda vez consecutiva em dois fins de semana me fez pensar que, uma vez terminada a romaria ao IKEA, estava já a iniciar a próxima peregrinação... ao ginásio :)
Segui-se uma hora de caminhada, que me deu para ver mais um pouco da cidade, e cheguei a Poth Authority, onde já se formava uma fila para os autocarros que partem gratuitamente para o IKEA. O moço que estava atrás de mim interpelou-me com um delicioso sotaque British para saber quanto tempo demoraria a viagem. A conversa desenrolou-se e ele acabou por me perguntar de onde é que eu era, ao que respondi "I'm Portuguese". Não hajam dúvidas que o mundo é verdadeiramente pequeno pois o rapaz, Roger já agora, acabadinho de chegar de Londres há uma semana, onde cresceu, é filho de Madeirenses. É claro que se estabeleceu logo aquela afinidade patriótica de se encontrar em terras estrangeiras um nosso conterrâneo e fomos a conversar o caminho todo: eu em Português e ele em Inglês, pois embora perceba bem a língua não consegue articulá-la muito bem. A situação era curiosa pois agora, uma semana depois de eu ter ido ao IKEA com a Nathalia e ela me ter ajudado e dado indicações, era eu que estava nesse papel... a ajudar outra pessoa.
Combinámos encontrarmo-nos no fim das compras para regressarmos juntos. Sempre nos poderíamos auxiliar para trazer o que quer que comprássemos... e ainda bem que assim foi caso contrário, não sei como teria conseguido desenrascar-me com tanto peso. Ele foi uma ajuda preciosa e, como se esperaria de um Londrino, um verdadeiro gentleman. A viagem de regresso foi um pequena aventura, mas divertida.
Após termos posto tudo no autocarro, aproveitámos a viagem para descansar e renovar forças para quando chegássemos e tivessemos que carregar as caixas novamente. Para termos a certeza que nos manteríamos em contacto (afinal de contas éramos a primeira pessoa que o outro conhecia nesta cidade imensa... ainda por cima Portugueses) trocámos emails no autocarro e, qual não é o meu espanto quando vejo que no email dele constava a partícula "natureny". Sim, tinha pura e simplesmente acabado de conhecer o Director de Marketing da revista Nature em NY, santo graal para qualquer cientista. Porque a conversa se desenrolou em torno do que cada um fazia, a palavra "laboratório" veio diversas vezes à baila, o que despertou o ouvido da moça sentada ao meu lado. Com um sotaque brasileiro/espanhol, acabou por falar connosco. Ela, também no ramo da ciência (oncologia), era brasileira, vinda de 14 anos em Buenos Aires e, ao reconhecer a língua, não resistiu em confirmar se era realmente Português... mais uma vez, it is a VERY small world.
Chegados a Manhattan a aventura que se seguiu foi a de transportar as nossas tralhas para fora da gare e metê-la dentro de um Táxi. No carrinho estavam as duas caixas que compunham o móvel que, por serem tão pesadas, faziam com que o transporte fosse complicado. Embora conseguisse movê-lo, não o conseguia fazer em linha recta... assim, ia às curvas, mais parecendo uma barata tonta, e, por várias vezes, quase batendo na parede ou saindo do passeio. No mínimo, hilariante! O resto das coisas vinham dentro de sacos plásticos que, devido ao peso, começaram a romper-se na asas, tornando-se um verdadeiro empecilho para transportar. Literalmente, "uma verdadeira mala sem alça", expressão Brasileira que aqui tão bem se aplica. Coitado do Roger... com grande esforço lá conseguiu trazer os sacos até à esquina onde chamámos o Táxi, maioritariamente cheios com a minha tralha (porque tudo vem em embalagens planas, ainda comprei uma mesa de cabeceira, um cesto para a roupa, um banco e algumas caixas, julgando que se transportaria bem. NOTA: a Inês estava completamente louca quando pensou nesta possibilidade!). As caixas eram tão grandes que não permitiam que a mala do carro fechasse pelo que, num passe inspirado no Macguyver, adaptámos os elásticos do suporte que eu levava para manter a mala relativamente fechada. Está visto que o trazer coisas do IKEA envolve sempre malabarismos automobilísticos, como se passou com o colchão.
Após chegarmos a minha casa, o Roger ainda fez questão de me ajudar a levar tudo para cima mas, não tive coragem de aceitar. Coitado, já tinha sido "burro de carga" suficiente... ainda para mais, não posso tratar assim o Director de Marketing da Nature, hehe. Insisti em pagar parte da viagem que ele ainda teria que fazer, uma vez que por minha causa se desviou completamente da sua rota, mas ele declinou. Assim, fiquei de saldar a minha dívida com um jantar, de preferência Português, em chez-moi. Durante a nossa conversa apercebemo-nos que a nossa gastronomia é mesmo deliciosa e que já estamos ambos cheios de saudades dela. Assim, juntamos o útil ao agradável.
Passei o resto de Sábado a montar tudo o que comprei, o que já conferiu ao quarto um certo conforto... mas só mesmo ao quarto porque, no fim, tinha dado um jeito às costas, cortado um dedo, prensado o dedo do pé com uma tábua e atrancado um pedaço de pele também do pé. Não tentem fazer isto em casa!! :) Nesse mesmo dia também chegou a peça que faltava para montar a secretária mas, confesso, já não tive a energia ou a coragem para o fazer.

Ficou para Domingo, dia em que comecei por ir até ao Lincoln Center para me informar sobre uns concertos. Fui de metro e regressei mais uma vez a pé, desta vez explorando a 6ª Avenida. É cheia de prédios enormes e super chiques, que incluem na sua maioria hotéis de luxo. No Hilton, o lobby mais parecia um carrocel pois os hóspedes aguardavam em linha para entrar nos táxis que desfilavam uns atrás dos outros em frente à entrada... ainda dizem que não há dinheiro!! Passei também pelo estúdios de Rádio da NBC, pelo Rockefeller Center onde tem um ringue de patinagem que, julguei eu, seria aquele que aparece sempre nos filmes, geralmente natalícios, com uma árvore de Natal enorme... mas acho que não era. Era tão pequeno! Até perguntei ao senhor que estava ao meu lado se era realmente o ringue que eu pensava mas, tal como toda a gente ali, era um turista e não me soube responder.
Nesse dia, embora o céu estivesse mais azul que nunca e o Sol brilhasse fortemente, estava um frio verdadeiramente gélido. Para meu azar tinha perdido o meu gorro dois dias antes (mais um dos items de Inverno que se foi juntar aos muitos que se encontram espalhados pelo chão da cidade, essencialmente luvas). Descobri que as orelhas também podem atingir pontos de congelação elevados, mas a sensação não é tão interessante quando a do lábio inferior, por isso, assim que encontrei um vendedor ambulante, comprei 2 gorros por 10€. Fiquei com mais espaço na carteira mas bem mais quentinha!
Passei por uma loja tipo TRIBO para comprar mais algumas coisas que precisava e, já a caminho de casa, ainda passei pelo supermercado para comprar ingredientes para fazer Baba de Camelo. Na 2ª feira (ontem) houve uma festa em casa de um dos membros cá do lab e eu fiquei encarregue de levar esse doce.
Chegada a casa, não tive mãos a medir. Porque já tinha a varinha mágica, comecei por pôr uma sopa a fazer. Entretanto, fiz a Baba de Camelo e depois comecei a montar a secretária. Quando todos os vegetais para a sopa já estavam cozidos fui buscar a caixa da dita varinha mágica, tal como me foi entregue. Qual não é o meu espanto quando só metade do aparelho é que está lá. Eis-me no meio da cozinha, com meia varinha mágica na mão e cara de parva a olhar para um panelão cheio de pedaços de batata, cebola e tomate, sem saber o que fazer e a pensar "Algumas coisas só me contecem a mim!!". Mas isto foi só nos primeiros segundo... pois o MAcguyver entrou de novo em acção. Vai de deixar cozer as coisas por mais tempo, para ficarem bem molinhas, e tentar desfazê-las com a batedeira para os bolos. A ideia até sortiu algum efeito mas teve também as suas desvantagens... digamos que tanto eu como a cozinha adquirimos uma coloração diferente, hehe.
Alternando com a montagem da secretária, fiz também frango estufado com ervilhas (para adiantar as refeições da semana). A Sema não pára de dizer o quão admirada está com a minha organização. Tenho que dizer que até me tenho surpreendido a mim mesma... vamos ver se é sol de pouca dura ou não. Bem, voltando à secretária, após ter autoinflingido mais algumas escoriações, eis-me no passo final, que é o de pôr a gaveta no sítio, aparafusá-la ao eixo sobre o qual desliza e fechá-la. Se soa fácil em teoria o mesmo não se pode dizer da prática. A porcaria dos parafusos que vinham no KIT batem num determinado local, não deixando que a gaveta se feche por completo. Decidi então retirá-los, pois não são assim tão importantes. Mais uma vez, algumas coisas só me acontecem a mim. Um dos parafusos teimava em não sair. Mas, ainda está para nascer o parafuso mais persistente do que eu... depois de uma hora de batalha, o desgraçado rendeu-se e a secretária estava, finalmente, montada.
Cheguei ao fim do do dia completamente "partida" mas renovei energias ao falar com o João ao telefone. Já há mais de uma semana que não o fazia e soube bem. Mais uma vez, graças à Sema e ao facto de ser tão prestável. Emprestou-me o telefone dela por mais de 2 horas, isto depois de me ter facultado também o telemóvel para eu conseguir estabelecer a ligação, pois o cartão telefónico que adquiri não estava a funcionar... outra daquelas coisas que raramente acontecem mas que tinham que me acontecer a mim.

Ontem foi outro de dia de extrema organização: pela manhã, fui até ao ginásio onde, finalmente me consegui inscrever (afinal a possibilidade de romaria não passou disso mesmo). Por ser estudante, paguei $75, que permitem utilização de todo o complexo desportivo, quando vezes quiser por semana, até dia 31 de Agosto. O espaço é novinho em folha e tem uma piscina de 50 metros, com zona para saltos/pranchas, um pavilhão de basketball, várias salas com máquinas, outras tantas com aparelhos de cardio-fitness, sala para alongamentos, sala para aeróbica, sala para spinning... é enorme e mesmo muito bom. Põe a um canto os ginásios da Holmes Place em Portugal, considerados de topo. Depois fui até à 7ª Avenida para trocar um aparelho de telefone que não se adaptava ao sistema instalado em casa e pelo caminho comprei um rádio despertador. Voltei a casa para pôr todas estas coisas, peguei na sobremesa e lá fui eu para o Instituto. Tratei de reclamar acerca do cartão telefónico (assunto que foi imediatamente tratado) e também de renovar a compra do computador. Porque o limite de crédito diário do meu cartão foi ultrapassado com esta compra, a transação bancária não se pode processar e o pedido ficou cancelado. Assim, mais uma vez, a Nathalia ajudou-me facultando-me os dados do cartão de crédito dela e o pedido seguiu hoje. Logo, espero que no fim desta semana ou início da próxima o meu querido e tão desejado PowerBook G4 já cá esteja. Curiosamente, porque o valor era muito inferior, foi pedido do mouse foi avante, item que chegou hoje. Portanto, tenho o mouse e o espaço para o computador.
À noite foi a tal festa, razão pela qual interrompi a minha escrita. Eu e mais 3 pessoas cá do lab caminhámos até à rua 63, o que nos levou cerca de 40 minutos. Soube mesmo bem. A noite estava agradabilíisma (comparando, claro, com o frio que se tem feito sentir) e deu para ver a paisagem nocturna. Chegados ao nosso destino esperava-nos uma festa bastante familiar, com muita comida e bebida, boa música e um ambiente de confraternização muito bom. Senti um pouco como estar na Alemanha de novo, uma vez que 4 das pessoas nesta festa eram meus colegas lá. Deu para falar muito, recordar "velhos tempos" e planear actividades futuras. Gostei mesmo muito. Já sentia falta deste tipo de calor humano.
A festa acabou cedo pelo que, por volta da meia-noite, apanhamos um taxi para regressar. Embora estivesse cansada, ainda me pus a instalar o rádio e o telefone (carregar as baterias), acabando por me deitar já bastante tarde, mas valeu a pena. Soube bem acordar com música e ver que está tudo a postos para que a linha telefónica seja instalada amanhã.
Hoje chegaram também os papéis para o seguro de saúde. Como tudo funciona online, já aquiri um dos seguros e já estou no sistema. Mais uma coisa tratada e com a qual não tenho que me preocupar.
Uff, fartei-me de escrever! Estou contudo, com a sensação de missão cumprida pois todas as coisas essenciais estão tratadas ou em vias de o ser, não descurei no trabalho aqui no lab e, consegui pôr-vos a par de tudo! :)

Monday, February 09, 2004

 
Sei que não vou conseguir terminar a escrita de hoje mas, como é muita, vou começar e tentar terminar depois. Aos poucos sempre custa menos.
O fim se semana foi bastante preenchido e productivo. No Sábado lá fiz eu à já tradicional romaria ao IKEA, em New Jersey (3ª vez que lá vou em 3 fins de semana que cá estou). Telefonei para lá na 6ª feira e confirmaram-me que a mobília que ainda lá não estava na semana passada já se encontrava no armazém. Porque é um móvel com prateleiras que, quando empacotado, se converte numa caixa rectangular, bem como uma série de gavetas que adquirem a mesma forma, pensei ser capaz de os transportar sozinha... tudo para poupar os $100 que cobram por levar as coisas a casa. Só o transporte é quase tão caro quanto o móvel em questão... têm que concordar comigo que seria um desperdício de dinheiro. Como tenho um daqueles suportes com rodinhas para carregar malas achei que o engenho se comportaria igualmente bem ao transportar estas caixas...afinal, foi desenhado para coisas pesadas, certo? Errado! Mas, o espiritozinho Portuga é sempre assim. Bem, mas eu lá me meti à aventura.
Antes de me dirigir a Porth Authority (gare dos autocarros) passei ainda pelo ginásio da NYU, tal como já tinha feito no fim de semana passado, para ir buscar um documento que me confirmaram telefonicamente ser possível levantar ao Sábado.

(ooppss... tenho que continuar depois! Party time. Depois conto!)

Thursday, February 05, 2004

 
De repente parece que tudo começou a andar para a frente mais rápido... embora ontem as coisas não parecessem indicar nessa direcção. Isto porque passei o dia a repetir 3 vezes a mesma experiência (cada uma de duração mínima de 4 horas) que teimava em dar um resultado negativo. Por mais que olhasse para o protocolo não conseguia perceber onde estava o erro, até que decici começar mesmo pelo iniciozinho, como se não soubesse nada. Vai daí, descobri que o DNA que estava a usar não era o correcto. O erro adveio de uma série de coincidências infelizes, nomeadamente o facto de querer o tubo 401 e, no lugar deste, estar o tubo 407. Acontece que o algarismo numero 7 estava escrito sem o tracinho no meio característico o que, a juntar à sua localização na caixa, me fez crer que era o desejado 401. Após descoberto este erro, apresentou-se então a questão: "Onde está o 401?". Como já era tarde (note-se que fiquei mais de 12 horas no lab) não pude perguntar a ninguém se tinha o tubo na sua posse. Assim, a contenda ficou adiada para hoje de manhã. Embora tenha perdido muito tempo com este engano, fiquei contente por saber que não se devia a alguma estupidez minha. Não desanimei e até reparei numa coisa engraçada: pela primeira vez, desde que comecei a escrever este diário, não senti a necessidade de o fazer, tal como tinha sentido até aqui. Pura e simplesmente não me apeteceu, o que acho ser um sinal positivo. Até aqui o diário tinha funcionado como "o ombro amigo", no qual desabafava e encontrava algum conforto. Agora, por saber que em casa tenho alguém com quem falar (a Sema revela-se cada vez mais uma excelente pessoa) e por as coisas estarem a estabilizar, já não estou tão dependente desses minutos de escrita.
Mas, porque hoje tenho boas notícias a partilhar, eis-me aqui a escrever com toda a vontade. De manhã consegui resolver o problema do DNA pelo que, antes do almoço, já tinha o resultado desejado. Segui-se o curso de formação em radioactividade a que todos os funcionários da NYU são sujeitos quando começam a trabalhar na Instituição, o que correu bem e foi até divertido. O "professor" era bastante bem disposto, não descurando na mensagem a transmitir. Assim, aprendemos sem se tornar uma coisa maçuda, sendo que as probabilidades de isso acontecer serem bastante elevadas. Já todos nós recebemos igual formação nos laboratórios em que estivemos anteriormente. De regresso ao laboratório comprei, finalmente, o meu próximo "companheiro de luta" e estou-me a referir, para quem não sabe, a um computador portátil. Em princípio chega dentro de uma semana... estou ansiosa! Não foi barato mas, como TEM que ser bom, acho que foi um investimento que se revelará justificável a longo prazo. No tempos mais próximos servirá essencialmente para me manter conectada com a minha família, amigos e, claro está , namorado bem como para poder escutar os meus queridos CDs em casa. A longo prazo será a testemunha dos meus momentos de ansiedade e nervosismo quando tiver que fazer apresentações e, espero, testemunha também de momentos de sucesso e concretização.
Tratei também de definir qual o plano telefónico que quero ter em casa pelo que, amanhã, já vou ligar à companhia telefónica e tratar disso. Talvez para a semana já esteja contactável em casa por esse meio. Já a antecipar a instalação do telefone, adquiri online um cartão com um tarifário bastante satisfatório cuja confirmação de compra e código recebi hoje.
A minha vida social também parece ter levado um "pontapé" porque passou de inexistente para algo que contempla uma festa de aniversário na 2ª feira e um jantar este Sábado. Na 2ª feira vai ser o aniversário de um amigo cá do laboratório, que eu conheci quando estive na Alemanha, e cuja namorada está a preparar uma festa surpresa. Fiquei encarregue de levar Baba de Camelo para o pessoal (vamos lá a ver se encontro leite condensado cá por estas bandas. Na Alemanha revelou-se sempre uma dificuldade). Há pouco apareceu por aqui o Rui, rapaz Português que trabalha aqui no Instituto, a perguntar se queria combinar alguma coisa para Sábado. Assim, vamo-nos juntar ao Victor (outro Português a trabalhar aqui) e a outros portugueses que se encontram na universidade de Rockefeller para jantar algures. Vai ser bom concerteza.
Para este fim de semana estou a planear fazer uma série de compras para a casa, essencialmente utensílios de cozinha que me fazem falta. Ontem, por acaso, comentei isso com uma das pessoas cá do lab e ele disse-me prontamente que escusava de gastar dinheiro a comprar uma varinha-mágica. Ele tem uma a mais e pode-ma "dar". Que porreiro, assim já vou passar a fazer sopinha, daquela mesmo boa, tal como aprendi com a minha Mãe :)
Como vêm, parece que hoje foi um dia de "boa-maré". Por ser uma maré sei que terá que mudar mas... aguardemos esse dias sem pressa e, gozemos entretanto as coisas positivas!

Tuesday, February 03, 2004

 
Já estava de saída quando vi o maravilhoso espectáculo lá fora: o Empire State hoje está vestido de azul. É a cor que fica melhor pois está absolutamente lindo!
Gosto do azul... lembra-me do mar... lembra-me das baleias!

 
As coisas já estão consideravelmente melhores.
Com o tempo tudo passa e, neste caso, um dia fez muita diferença. Ontem decidi não vir ao laboratório e dedicar-me aos assuntos da casa. Comecei por telefonar para o IKEA a queixar-me da falta da peça no conjunto da secretária, ao que eles responderam que dentro de 4 dias mas mandariam ou trariam a casa. De seguida consegui pendurar o espelho atrás da porta (que, por incrível que pareça, foi a tarefa mais complicada até ao momento), pôr o estore na janela, montar 2 de 3 candeeiros (cheira-me que o 3º também vai ter que ser reclamado porque fez com que a luz da casa fossse abaixo de cada vez que o tentei ligar) , ir à rua comprar detergentes e afins para depois voltar para casa e começar a lavar roupas. Felizmente temos uma lavandaria no rés-do-chão do prédio, onde há também uma área para reciclagem, o que com o tempo que tem feito se agradece... já para não falar do quão complicado seria transportar sacos tão volumosos. Foram 3 que encheram 3 máquinas. Diga-se que a coisa não saiu muito barata, pois cada lavagem custa $1.75 (aproximadamente 1.5 €) e o respectivo cartão com os créditos custa $3, que são deduzidos aos $10 iniciais que têm que se pôr. Adicionalmente, ainda gastei mais $1.20 em duas sessões de secagem... mas valeu a pena. No fim todos os lençóis e toalhas coloridas que comprei estavam limpinhos, prontos a usar e a cheirar bem, assim como roupa minha. Tenho que confessar que, no meio daquelas máquinas todas, a cruzar-me com pessoas com iguais propósitos, me senti qual americana (já no Sábado me senti assim quando comi o meu primeiro HotDog em terras do Tio Sam... mau hábito, mau hábito Inês!).
Até me lembrei do Tom Hanks no filme "Catch Me if You Can" , nomeadamente da cena em que está numa lavandaria a tirar a roupa dele, supostamente branca, e está tudo cor de rosa porque a pessoa que usou a máquina antes dele se esqueceu de umas cuecas vermelhas. Não é que eu me tenha esquecido de tal item mas quase que esquecia uma meia da mesma cor. Ao meu lado estava uma Americana, de origem grega, que me fez perceber que, independentemente do sítio onde se esteja, existem e sempre existirão vizinhas coscuvilheiras. Não parava de falar nem de fazer perguntas. Fazia-o tão rápido que nem sequer esperava pela resposta às mesmas para perguntar logo outra coisa. Acho que se fosse ela a usar a máquina depois de mim até nem me importava de lá ter esquecido a meia, hehehe... muito embora ficar só com uma também não me desse muito jeito. Não faz mal, começaca uma nova moda... aqui vê-se de tudo.
Miraculosamente também consegui arranjar as calças cujo fecho se estragou no fim de semana. Aí até dei razão à "sapientíssima" taróloga Maya pois não "devia negar à partida uma ciência que desconheço". Agora já conhecço mais um bocadinho.
Ao fim do dia recebi em casa as compras que fiz pela Internet... mais uma americanização. Pode-se comprar tudo com um simples clique e, o que é curioso, é que é significativamente mais barato do que no Gristedes (LIDL cá do sítio). Até deu para comprar chocolate Ritter Sport por um preço acessível e matar saudades do chocolate Europeu... este daqui é uma porcaria! Não sabe a chocolate.
Entregam tudo em casa e, tirando 2 ovos partidos, tudo estava em boa estado. Assim, ao fim do dia também tinha a dispensa cheia... fazendo um balanço do dia, revelou-se bastante productivo e positivo. Já adormeci a acordei mais contente!
De volta ao laboratório, hoje continuei com as minhas experiências. Tive o meu primeiro resultado negativo mas... por terem havido 4 positivos, deu para compensar. Como não consultei o meu mail durante todo o dia de 2ªfeira, hoje fui agradavelmente surpreendida com mais um comentário positivo sobre o meu blog, desta vez da minha prima Susana. Nunca tinha recebido um email personalizado da parte dela pelo que, o facto de o Blog a ter levado a escrever-me, me deixou muito satisfeita. De certeza que se ela ler isto vai ficar contente por ver que faz parte das minhas crónicas cá em NY.
Aliás, todos vocês fazem, pois dão-me a força e apoio necessários que me fazem querer transmitir-vos toda esta experiência. Obrigada por estarem aí! :)

Monday, February 02, 2004

 
Acabei de ler o primeiro Blog do meu Fatinito.
Gostei... chorei. Foi o calor de que precisava... Já me sinto melhor.
Adoro o meu pai!

Sunday, February 01, 2004

 
Cheira-me que hoje a crónica vai ser alongada... não só porque já não escrevo há alguns dias, durante os quais muitas coisas se passaram mas porque hoje, desde que estou cá, me senti mais perdida que nunca... doeu-me a alma por transbordar de tanto vazio!
Só faz sentido falar disso no seguimento do que estes dias têm sido pelo que vou tentar começar pelo início.

Sexta feira... lá fui eu de malas e bagagens para a nova casa, qual saco ambulante... dificilmente se adivinharia que por baixo de uma kispo amarelo, uma mochilona azul e uma mala preta se encontrava uma pessoa. A prova disso é que o meu chefe se cruzou comigo e, embora lhe mostrasse um sorriso rasgado, ele nem me viu. O caminho que sempre me pareceu tão curto, entre o laboratório e a casa, desta vez pareceu-me imenso. Ainda bem que estava um frio de rachar pois assim não senti tanto o calor do esforço. Mesmo assim, deu para suar. Chegada ao meu destino, a viagem com as malas parecia ainda não ir terminar. Como todos os prédios naquela zona são iguais, enganei-me e entrei no número 5 em vez de 7. O pior é que por dentro os prédios também são todos iguais, pelo que não me apercebi da diferença.... até chegar ao andar que, sabia com certeza, ser o desejado. Só que o facto de me ter atendido uma velhota alertou-me para que algo estava errado. "Será que é no andar de cima? Ou será no de baixo?". Comecei logo com montes de dúvidas... que acabaram por se converter em mais um andar acima com as malas, mais um andar abaixo... e as malas sempre a passear. Decidi então ir até à rua de novo e olhar em volta... então fez-se luz! Porta errada!!
Após passear as malas e as ter deixado em casa, segui para o laboratório. Corri o meu primeiro gel, após primeira digest... eu sei que isto para a maioria das pessoas é chinês mas, basicamente, fiz coisas de cientista, daquelas que até aparecem nos Ficheiros Secretos, quando os actores se põem com ar de entendidos a analisar as bandas de DNA. Fiquei satisfeita! Estava agendada uma reunião com o boss para esse dia. Como anda sempre super ocupado, teve que a adiar para amanhã... resultado, Inês no laboratório, às 16:30 de Sábado... logo no fim de semana que me vou mudar. Paciência....

Sábado: acordei e pouco depois telefonaram-me os meus pais. Soube bem... já não os ouvia há duas semanas. Foi uma excelente maneira de começar o fim de semana da grande mudança. Deu forças! Devido à dita reunião, tentei aproveitar a manhã para ir à procura de coisas para a nova casita. Fartei-me de andar mas até fiz de propósito. Gosto de ver os cantos da cidade. Estava frio... a neve das últimas semanas nunca derreteu e só se tem vindo a acumular cada vez que neva mais um pouco. Vi um carro completamente bloqueado devido à enorme quantidade de neve que acumulou à sua volta e alguém estava a cavar, literalmente, para o poder tirar. Mesmo assim, acho que já me começo a habituar às temperaturas. O gorro e as luvas revelaram-se desnecessários e, mesmo assim, consegui ter as mãos quentíssimas... e quem me conhece bem sabe o quão difícil isto é de acontecer... no matter what the circumstances are!
Fui até à rua 10, na First Avenue... notava-se perfeitamente que me estava a aproximar de SoHo, ChinaTown e companhia. Como tinha tempo limitado não me alarguei muito na "excursão"... fica para a próxima... talvez quando o João estiver cá. Assim ainda é melhor!
Depois de encontrar uma loja que me foi aconselhada segui para a rua 14, desta feita na Third Avenue, onde fui ver o complexo desportivo da NYU. Unicamente o melhor que alguma vez vi... e por ser estudante cá vou pagar uma ninharia para poder usufruir dele. Quem pode, pode! Mas, para não me entusiasmar muito com a coisa, fiquei logo com uma situação chata associada. Fui à casa de banho e não é que fiquei com o fecho das calças estragado! Só abria ou abria... nada de fechar. Era só o que me faltava! O que vale é que tinha outro par de calças no apartamento e ainda tinha tempo de trocar se não, lá tinha que ir naquela bela figura falar com o Boss... só comigo! Mesmo assim consegui dar um jeito e pelo menos fechou.
Seguiu-se uma caminhada até à Seventh Avenue, passando pelo Union Square, ponto turístico que ainda não tinha visitado. A arquitectura é sempre um aspecto de interesse constante, em qualquer local de Nova Iorque... gostava de saber mais sobre esta área. De certeza que iria ter muito mais consciência da riqueza arquitectónica que me rodeia. Tenho que me debruçar sobre o assunto...
Nos entretantos fui também vendo o tipo de lojas que existem na área bem como onde poderia comprar uma depiladora. Já sei que estraga o cenário todo, isto são coisas de gaja. Quem é que está em NY à procura dessas coisas? Só mesmo uma gaja, não é! Pah, há coisas que são sempre necessárias e esta é uma delas, sem dúvida... e mal eu sabia que esta necessidade se revelaria o motivo para uma sessão de "enche o ego" muito agradável. Eis o que se passou: entrei numa loja de electrodomésticos super grande, com um balcão enorme, cheio de empregados. Porque o assunto eram coisas de mulheres (e porque também não tinha a certeza de a palavra em Inglês ser Epilator e de, provavelmente, ter que explicar para que era a máquina que eu queria) dirigi-me a uma rapariga. Tal foi a pontaria que eu tive que fui dar com uma tipa que, para além de não saber se eplitaror was the word, provavelmente também não sabia para que servia... nunca devia ter visto uma à frente pois disse-me que não tinham. Quando vou a sair da loja um dos empregados chama-me ao balcão. Até julguei que fosse para ver se eu levava algma coisa na mochila mas não... era pura e simplesmente para me "cantar". Após elogios rasgados ao meu sorriso, perguntou-me se eu tinha programa para a noite, blá, blá, blá... Confesso que estava um pouco embaraçada com a situação, o que por si já me fazia corar mas, porque estava toda agasalhada, preparada para ir para a rua, ainda mais vermelha fiquei... o que entusiasmou ainda mais o galanteador. Desviando a conversa perguntei pela dita Epilator que, afinal, tinham. Graças ao meu "belo sorriso" consegui um desconto de 30 Euros e um recibo com o telefone do dito. Claro que queria o recibo por causa da garantia mas, quem sabe o número me dá jeito para quando eu quiser outros electrodomésticos, hehehe. Estou a brincar... Mas gostei, faz sempre bem ao ego!
Não foi a primeira situação do género desde que aqui estou e, como já aconteceu sem que eu tivesse o meu belo casaco amarelo vestido, excluí a hipótese de que este fosse a razão. Assim, veio juntar mais uma forte prova em favor da minha teoria: quando estamos apaixonados, toda a gente repara em nós! É mesmo verdade... desde que o João apareceu na minha vida que várias situações do género se têm passado. Acho que as pessoas devem conseguir perceber o estado de felicidade em que estou e também querem. O fruto proibido é sempre o mais apetecido,certo? Azarito, este fruto já foi comprado :)
Entrei também numa loja de roupas e aí sim, senti-me bem por estar no meio destes americanos todos. Havia sempre tamanho que me servia e, ainda melhor, eram sempre os mais pequenos. Como se pode constatar, a magreza é um conceito que depende do contexto. Aqui por estas bandas acho que me insiro na categoria das elegantes. Eis um aspecto bom do "king Size" típico dos americanos.
Entrando em várias perfumarias apercebi-me, para grande espanto meu, que nenhuma delas tinha um dos meus perfumes preferido, DKNY... perfume este de um criador americano. Deixou de ser produzido. Azar, pensei eu mas, com algum investigação consegui encontrar uma loja com alguns resquícios de stock e o azar acabou por se converter em sorte. Por ter deixado de ser um artigo muito procurado, consegui comprar 100ml por um preço bem mais barato que na Europa... e lá vão 2 compras de gaja!
Acabei por gastar mais dinheiro do que previra mas, como eram coisas necessárias (não se esqueçam que estamos a falar do ponto de vista feminino), acho que valeu a pena. Comprei também umas velas e um desodorizante. Engraçado... agora que faço esta retrospectiva vejo que as coisas que comprei para tornar o meu espaço mais "meu" se relacionam todas com o proporcionar de boas sensações... gosto de sentir a pele lisa das pernas, do cheiro de velas aromáticas entranhado nos lençóis e de estar constantemente envolta num aroma com que me identifico... mais coisas de gaja, o que é que se há-de fazer :)
Às 16:30 estava no lab e a reunião com o chefe correu muito bem. Não só tratei das futuras direcções do meu projecto como também tratei de conseguir um laptop, só para mim. O meu chefe continua a ser muito porreiro e consistente... espero que se mantenha assim! Foi uma conquista importante.. assim, vou poder ouvir os meus CDs em casa, ter acesso à net para falar com os meus... adicionar mais "boas sensações" ao meu espaço. Saí do lab já tarde, para a minha última noite com o Empire State por cenário...acho que vou ter saudades, mas vai ser concerteza bom ir para a outra casa. Amanhã...

Domingo... hoje! Saí do apartamento bem cedo. Mais um saco às costas com os haveres necessários para os últimos 2 dias (sensação constante de ausência de pouso seguro). Fui ao IKEA na carrinha da Nathalia, que se voluntariou para me ajudar. O que já por si é uma contecimento que causa alguma excitação, que é o comprar coisas para algo nosso, para nós, acabou por ser uma aventura redobrada. A carrinha da Nathalia já deve ter uns bons anos... e quando digo bons digo mesmo MUITOS. Parecia a carrinha do Ace Ventura mas já muito velhinha... muito grande e "muita louca". Achei o carro uma curtição. Chegadas ao IKEA, consegui comprar quase tudo o que queria, excepto uma peça que já tinha encomendado a semana passada e que ainda não chegou Assim, viemos com o carro cheio de almofadas (para dormir e decorar), cadeira, edredon, capas de edredon, lençóis, toalhas, candeeiros, velas (não resisti...), lata para o lixo, secretária, cama (Queen Size) e, no tejadilho, um colchão (do mesmo tamanho). Tudo pela módica quantia de 800 Euros... não está mal, não senhor! Atámos o colchão aos suportes do carro, no que nos pareceu algo minimamente resistente. Fomos devagar, mas mesmo assim lá ia pondo a mão fora do carro de vez em quando para ter a certeza que o colchão não tinha ganho asas. A determinada altura levantou-se algum vento, pelo que ia a agarrar o desgraçado... nem sentia os dedos muito embora levasse luvas, mas era por uma causa justa. A situação era já de si caricata mas, as determinada altura, quando tive mesmo que pôr as mão um pouquinho para dentro ouviu-se um baque sobre as nossas cabeças. Eu e a Nathalia olhámos uma para outra e dissemos "This doesn't sound good"... e nem imaginam a cara com que fiquei quando pus a mão de fora e... nicles de colchão. "It's not here, I can't feel it!"... "But it didn't fall back did it?" Mas então estendi mais um pouco o braço e vi que ainda lá estava mas que a corda da parte da frente tinha rebentado. Tinhamos que parar mas, como íamos na autoestrada, não o podíamos fazer de qualquer maneira. Aí sim, virou uma aventura porque, embora o fosse a segurar com os dois braços, não conseguia aguentá-lo durante muito mais tempo... que situação. Lá conseguimos parar e, quando fomos a ver o que tinha acontecido, vimos que não tinha sido só a corda que rebentou... o carro é tão velho que, o suporte do tejadilho, se soltou. "what about now... what shall we do?". Bem, vai de fita-cola, daquela que nos filmes serve sempre para atar os membros das vítimas e tapar a boca... e que também parece ser um bom método de tortura ou depilação (embora estas palavras possam ser sinónimos). Desta feita, lá estava eu e a Nathalia na berma da autoestrada, a passar fita cola sobre um colchão queen size, penduradas no carro... soa tão perigoso quanto foi mas... que haviamos de fazer? Reatada a viagem, as emoções ainda não se ficavam por aqui... a meio do caminho a porta da Nathalia não fechava. Nesta altura só me dava vontade de rir... como me dá sempre que a situação é a mais inconveniente mas, após várias tentativas em que eu agarrava o colchão e o volante, lá se conseguiu fechar a porta. Que mais estaria para acontecer?
Conseguimos chegar a casa, levar tudo para cima e comecei depois a montar as coisas. A Sema tem sido uma querida e insistiu em ajudar-me mas declinei agradecendo... sei que anda ocupada e não lhe quis tomar o tempo. E até gostei de estar a montar a cama sozinha... parece um lego. Ao fim do dia estava um espectáculo, já com colchão e tudo. Como estava entusiasmada, pus mãos à obra para a cadeira, que também consegui bem. Seguiu-se a secretária e aí vi que afinal, mais uma coisa estava para acontecer... não é que a porra da caixa veio com uma peça a menos! Eu e a Sema andámos às voltas com o esquema e com as peças e talvez dê para montar mesmo com este defeito. Não me apetece nada ter que reclamar e, provavelmente ter que voltar à loja... New Jersey não é assim tão perto. É o que dá fazer compras fora da cidade... e no IKEA. Parece que é estigma da loja: sempre que se compra alguma coisa lá, tem que se regressar. Nunca se vai lá só uma vez... Parece-me que os Portuguese não estão imunes.
Conclusão, o quarto, que ainda não é quarto, está uma bela desarrumação com uma secretária semi-montada e ferramentas espalhadas pelo chão. Para desanuviar um bocado (porque passei das 14h até às 21h a montar a mobília) decidi ir, finalmente, tirar a roupa das malas... já faz 3 semanas. Por não ter comprado as prateleiras e gavetas que queria, não tenho propriamente um espaço para a pôr no quarto pelo que nestes primeiros tempos vai ficar num armário da casa. Quando comecei a tirar a roupa (e estava contente por o fazer pois a variedade do meu vestuário nas últimas 3 semanas tem sido bastante reduzida... e ainda por cima o fecho de uma das calças pifou) mais uma desilusão... de estar compactada há tanto tempo está completamente impossível de se vestir. Tem tudo que ser lavado e passado a ferro... acho que esta foi a gota de água. Comecei a sentir o vazio... que enche a garganta e forma um nó e faz com que os olhos fiquem turvos...
Está tudo uma confusão... à minha volta e cá dentro. A falta de estabilidade....
Senti-me sem uma vida: a minha vida está em malas, amarrotada e sem poder ser usada, ou espalhada pelo chão de um quarto que ainda não é quarto, semi montada porque faltam peças, colchão sem lençóis porque ainda tenho que lavar os que comprei, bem como as toalhas, sacos no hall de entrada com almofadas e edredon, sem comida porque não tive tempo para comprar... tudo frio, tudo caos! Tudo é provisório e não há nada seguro. O calor está tão longe... gostava de ter o João a abraçar-me... de poder chamar pelo pai ou pela mãe... de não estar só! Nem sequer posso telefonar... provisoriamente ainda não tenho um telefone. Mais uma coisa provisória...
Sei que estas coisas são normais e que daqui a uns dias já estará tudo melhor mas não deixa de ser algo que estou a sentir neste momento... por isso estou aqui, a escrever já depois da uma da manhã, porque de alguma forma é como consigo chegar perto do calor que agora me faz falta. A Sema revela-se uma boa ouvinte e bastante compreensiva... falei-lhe sobre este sentimento de instabilidade que ela disse compreender perfeitamente... mas que "tudo se vai resolver... You'll see Inês! Don't worry". Mesmo antes deste desabafo já me tinha dito que hoje ela faria o jantar, pôs-me super à vontade, deu-me lençóis e toalhas. Estou rodeada de boa gente mas, tantas mudanças fazem com que ainda não esteja capaz de as fazer passar do lado de fora cá para dentro... e quem enche cá dentro está tão longe!...
O choque cultural é grande... as mudanças são muitas, as exigências também... ainda não me adaptei!
Com tempo...
Amanhã vou tirar o dia para me dedicar a estabilizar a minha vida... de certeza que me vou sentir melhor!

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