Monday, February 16, 2004

 
Dia 16 de Janeiro, dia do Presidente, feriado Nacional. Como não é o meu presidente não me aqueceu nem me arrefeceu, pelo que vim trabalhar normalmente para o laboratório, onde já não punha os pés desde 6ª feira à tarde. Pode soar estranho mas, nestas coisas da ciência, estar no lab ao fim de semana é coisa rotineira. Mas este fim de semana foi, pela primeira vez, dedicado a mim e a fazer o que eu queria. Pela primeira vez desde que cheguei pude dormir até muito tarde no Sábado. Embora fosse o dia dos namorados, acabou por ser um dia igual aos outros porque o meu estava longe... teremos o nosso dia dos namorados a partir de dia 19, altura em que o João me vem visitar :)
Porque, embora frio, o dia estivesse lindo, decidi apanhar o metro até ao Central Park e, de lá, caminhar até a casa, desta vez pela 5ª Avenida. Isto claro depois da típica actividade de fim-de-semana que é ir para a lavandaria lavar e secar roupa. "Mãe, volta, estás perdoada!!" :D
Na rua só se viam parzinhos e pessoal com flores. Os coches do Central Park, que normalmente estão parados em fila enquanto esperam por algum turista, deste vez não tinha mãos a medir. A noite já caía mas a quantidade de pessoas que ainda queriam andar era tanta que fazia uma fila bastante extensa e que prometia demorar até acabar. Viam-se casais de todos os géneros e houve até um que me despertou particular atenção. Num dos coches seguia um velhinho, dentro dos seus 65 anos, com o seu par, muitos aconchegadinhos e romanticamente abraçados, enquanto cobertos pela mesma manta. Mas, engane-se quem julgar que vou agora descrever uma velhinha adorável, tipo "avozinha". Errado! O respectivo par era, sem tirar nem pôr, um rapaz dos seus 30 anos. E lá iam eles, todos felizes da vida. Isto é NY, nada de preconceitos ou complexos. Acho muito bem!
A 5ª Av. estendia-se à minha frente como uma interminável fita luminosa de Natal. Muita luz, gente, movimento, sons, barulho, risos, cheiros, música, linguagens, culturas, aparências. Um saxofone que conseguia, de vez em quando, vir à superfície do mar de ruídos urbanos. Rockefeller Center, mais luzes, mais brilhos, mais brilho com luz nos olhos das pessoas. Branco do gelo, branco dos dentes nas bocas sorridentes. Festival colorido de gorros, cachecóis, luvas, kispos.Confusão que transmite calma, barulho que não incomoda a alma... inebriante, contagiante. Nova Iorque!! Mais à frente, à direita, 7ª Av., exponencial de luz e cor. Não resisti e, mais uma vez, lá fui eu para o Times Square. Cada vez é sempre uma primeira vez. Dou sempre comigo a sentir uma excitação miudinha cá dentro, uma vontade de sorrir sem explicação aparente, uma euforia infinita. "Pah, adoro mesmo esta cidade!!". Empurrões, tropeções... agradáveis por sinal, manifestação do que aquela massa de gente sente quando está naquela àrea mágica. Impossível ficar indiferente!
Durante este passeio acabei por comprar mais umas coisas para casa onde, cada vez mais, me sinto em casa. Canecas, pratos e tigelas coloridas para a cozinha e um roupão de banho para Moi même com os respectivos chinelitos. Por incrível que pareça, não consegui encontrar um sítio onde comprar uma saboneteira. Acho que o uso do sabonete está fora de moda cá por estas bandas... são tão comodistas que, todos estes Americanos devem usar gel de banho, hehehe. Dá menos trabalho!
No Domingo comprei um tapete para o meu quarto. É das coisas de que me sinto mais orgulhosa pois não foi muito caro e é MESMO fixe. É super fofinho e agradável ao tacto... andar descalça sobre ele parece terapêutico. Hoje, embora fosse 2ª feira, não me importei de pôr os pés fora da cama pois sabia o que me esperava assim que tocasse no chão. Mais uma coisa que me faz zentir confortável. A seguir à compra do tapete e a o ter posto em casa, fui nadar os 2000 metros da praxe na piscina. Saí de lá completamente revigorada mas, ao mesmo tempo, toda partida. Segui para a loja Macy's, onde comprei o roupão mas do qual se esqueceram de tirar um daqueles imans anti-roubo... whatever this means! Aproveitei e comprei também velas pois as que tinha comprado há 2 semanas acabavam sem queimar metade da cera. Fácil, resolve-se já o problema! Chego à loja, digo que quero devolver porque... a mulherzinha nem ouviu o resto. Passo o talão, recebo o dinheiro. "E mai nada!!" :) Welcome to America.
Comprei ainda ingredientes para fazer uma bela sopa de espinafres e, quando finalmente cheguei a casa, estava de rastos. Andei tanto, tanto que estava mesmo cansada. A Sema tinha-me convidado para um festa nesse dia à noite e, embora tivesse dito que ia, até me apeteceu cancelar. Mas, acabei por ir e ainda bem que o fiz. Esta festa tomou lugar em Brooklyn, supostamente no bairro mais cool, in, fashion, bacano, na moda... o que lhe quiserem chamar. Foi em Williamsburg. Fui com a Sema e uma amiga dela de Boston que passou cá o fim de semana, a Andrea (artistas plástica, muito simpática). Ah, e também o nosso amigo "bolo". Era uma festa de "Wine and Dessert" e nós decidimos levar um bolo que a Andrea cozinhou. Estava com tão bom aspecto que, chegadas lá e ao ver que havia tanta coisa para comer, o escondemos e trouxemos de volta para a nossa casa, hehhe. Não se faz, não se faz! Mas, o que é certo é que soube às mil maravilhas hoje de manhã!
O pessoal na festa era super descontraído e alternativo no vestir, mas tudo malta muito porreira. Foi fácil falar com várias pessoas. Toda a gente metia conversa. A música estava muito boa o que, a certa altura, pôs toda a gente a dançar. A casa, anteriormente um espaço aberto tipo armazém, estava dividida com paredes ou cortinas o que lhe conferia um aspecto diferente. No tecto viam-se canos e plásticos e algumas paredes estavam ainda só em tijolo. Tudo tinha sido improvisado mas, no seu conjunto, a casa parecia bastante confortável e interessante... especialmente tendo em consideração que só lá moram homens. Nada mau!
As pessoas eram na sua maioria estrangeiras, algumas advogadas, outros artistas... havia de tudo. Conheci um enfermeiro com quem comecei a ter uma conversa muito interessante sobre cinema e, entretanto, junta-se a nós um produtor de filmes, o que temperou o assunto. Como vêm, havia de tudo. Dançamos muito, comemos e bebemos. Bem, pela minha parte só posso dizer que comi... muito chocolate. Sei que comi de mais pois a certa altura a ideia de comer mais chocolate já me enjoava. Sim, a mim, que sou viciada? Será que estou a ficar velha?!??! :)
No regresso, enquanto íamos no metro, eu sentei-me ao lado de um moço e a Andrea e a Sema à minha frente. Com o desenrolar da conversa, o moço acabou por meter conversa connosco (bem giro por sinal) e reparei que ele tinha só a unha do dedo do meio pintada de vermelho. "I like you nail polish!" disse eu, ao que ele me responde virando-se para mim com um sorriso super maroto, esticando os 2 dedos do meio das duas mãos (o da mão esquerda também pintado de vermelho) e dizendo "Happy Valentine's Day!". Mandei um mega gargalhada. Achei aquilo mesmo fixe!!!! Mesmo fixe! Eu também já não podia mais com o dia dos namorados e, tal como aquele rapaz, acho uma parvoíce haver um dia para se celebrar e agir como, afinal de contas, deveríamos fazer todos os dias com a nossa cara metade. Curti mesmo a atitude e disse-lhe logo, "You're gonna be on my Online diary!". E ei-lo! :)
Ainda bem que o dia dos namorados já acabou.... contudo, o Empire State Building continua romanticamente iluminado de vermelho!

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