Sunday, July 25, 2004

 

Venha o Diabo e Escolha

Nao resisti a partilhar convosco uma passagem do livro que leio no momento, "The Life of Pi", por Yann Martel.

Deliciosa!

(...)

"There is no mistake, " said the priest. "I know this boy. He is Piscine Molitor Patel and he's a Christian."
"I know him too, and I tell you he's a Muslim," asserted the iman.
"Nonesense!" cried the pandit. "Piscine was born a Hindu, lives a Hindu and will die a Hindu!"

The three wise men stared at each oter, breathless and disbelieving.
Lord, avert their eyes from me (Piscine), I whispered in my soul.
All eyes fell upon me.

"Piscine, can this be true?" asked the iman earnestly. "Hindus and Christians are idolaters. They have many gods."
"And Muslims have many wifes," responded the pandit.
The priest looked askance at both of them. "Piscine," he nearly whispered, "there is salvation only in Jesus."
"Balderash! Christians know nothing about religion," said the pandit.
"They strayed long ago from God's path," said the iman.
"Where's God in your religion?" snapped the priest. "You don't have a single miracle to show for it. What kind of religion is that, without miracles?"
"It isn't a circus with dead people jumping out of tombs all the time, that's what! We Muslims stick to the essential miracle of existence. Birds flying, rain falling, crops growing - these are miracles enough for us."
"Feathers and rain are all very nice, but we like to know that God is truly with us."
"Is that so? Well, a whole lot of good it did God to be with you - you tried to kill him! You banged him to a cross with great big nails. Is that a civilized way to treat a prophet? The prophet Muhammad - peace be upon him - brought us the word of God without any undignified nonsense and died at a ripe old age."
"The word of God? To that iliterate merchant of yours in the middle of the desert? Those were drooling epiletic fits brought on by swaying of his camel, not divine revelation. That, or the sun frying his brains!"
"If the Prophet - peace be upon him - were alive, he would have choice words for you," replied the iman, with narrowed eyes.
"well, he's not! Christ is alive, while you old "piece be upon him" is dead, dead, dead!"

The pandit interrupted them quietly. In Tamil he said, "The real question is, why is Piscine with these foreign religions?"
The eyes of the priest and the iman properly popped out of their heads. They were both native Tamils.
"God is Universal", spluttered the priest.
The iman nodded strong approval. "There is only one God."
"And with their one god Muslims are always causing troubles and provoking riots. The proof of how bad Islam is, is how uncivilized Muslims are," pronounced the pandit.
"Says the slave-driver of the caste system." huffed the iman. "Hindus enslave people and worship dressed-up dolls."
"They are golden calf lovers. They kneel before cows," the priest chimed in.
"While Christians kneel before a white man! They are the flunkies of a foreign god. They are the nightmare of all non-white people."
"And they eat pigs and are cannibals," added the iman for good measure.
"what it comes down to," the priest put out with cool rage, "is wether Piscine wants real religion - or myths from a cartoon strip."
"God - or idols," intoned the iman gravely.
"Our gods - or colonial gods," hissed the pandit. '

(...)

Monday, July 12, 2004

 

Fim-de-Semana Reenergizante

No Sábado fui até 'a praia da Sandy Hook, em New Jersey.

Para tal, encontrei-me com a Marie e a Delphine, duas amigas francesas, no cais da rua 34, onde apanhámos o barco 'as 10:30. O preco de 26 dolares pelas viagens de ida e vinda pareceu-me um pouco exagerado a principio mas, depois de entrar, apercebi-me que se justificava. O barco parecia um mini-cruzeiro, muito limpo e moderno, com vários andares. Podia ir-se no interior, onde espacosas e grandes cadeiras estofadas acomodavam os mais preguicosos ou receosos do sol. A temperatura era bastante fresca, dado o constante ar condicionado, e os passageiros podiam entreter-se a ver televisao ou a beber uma bebida no bar. Parecia um aviao... correccao, quem me dera ter num aviao o espaco que se tinha ali!

Na parte superior ia-se ao ar livre, com cabelos ao vento (e que vento), a apanhar sol e a ouvir música, bastante apropriada por sinal. O dia estava lindo, solarengo. O estar descontraidamente de roupa de Verao a ouvir ao Eagles (Hotel California) tendo por cenário a Sky-Line deu-nos a sensacao de férias. Durante o dia o lab desapareceu. A volta que o barco faz até ao Financial District dá-nos uma vista privilegiada sobre Manhattan bem como das pontes de Manhattan, Brooklyn e Williamsburg. Após paragem no Pier 11 seguimos para New Jersey, passando pela Estátua da Liberdade e por Staten Island. Sem dúvida um paseio imperdível.

No barco acabámos por encontrar pessoas conhecidas e o inicial groupo de 3 acabou por aumentar para 9, o que foi muito agradável. Chegados ao nosso destino, um autocarro da escola, daqueles amarelos que vemos nos filmes (eu e a Marie exclamámos ao mesmo tempo: A school Bus. I've never been inside one of these before!! It's like in the movies", esperava pelos passageiros, distribuindo-os pontualmente pelas diversas praias.

Embora sejam muitas das vezes uns parvalhoes, há que concordar que os Americanos sao extremamente organizados e que tudo funciona 'as 1000 maravilhas. Nao tivemos quaisquer problemas em chegar até 'a praia que escolhemos. Fiquei agradavelmente surpreendida, pois lembrou-me de alguma forma as praias de Tróia. A areia era clara e o mar, embora escuro, nao era mau de todo.
A temperatura da água também nao andava longe daquela a que estou habituada. Após nos instalarmos imediatamente me apercebi que estávamos ladeados de duas famílias de Portugueses (nao estivessemos nós em New Jersey). Ao fazer estas constatacoes os meus colegas até me disseram: "Oh Inês, até parece que estás em casa!!"

Eu nao iria tao longe mas, confesso, achei engracado ouvir a mae berrar ao filho " Anda já para aqui Hugo! Mastiga o que tens na boca e vem comer o resto da sandes! Com'on!!" e lembrou-me sem dúvida de Portugal e dos emigrantes de Verao. Só faltavam as sandes de coiratos, o típico garrafao de 5 litros e o pai de família com o jornal "A Bola" sobre a proeminente barriga para estar na presenca da família "Sousa", "Costa" ou "Pinto".

Quando fomos 'a água notámos que algo andava em suspensao e nos tocava constantemente. Ao tentarmos perceber o que era reparámos que eram pequenos corpos gelatinosos. Milhares deles!! Numa deducao bastante comodista e Americanizada eu disse logo:
- "De certeza que pela manha vem alguém com um "1,2,3" gigante trocidar as alforrecas todas por forma a que as pessoas nao se sintam incomodadas!". O pessoal riu mas a gargalhada geral veio quando, em alternativa, sugeri que "A lady with humongous silicone boobs had them explode shortly before we got here!"
Afinal, após observacao mais minuciosas, vimos (nao fosse a maioria do pessoal cientista) que eram um estado embrionário de uma qualquer espécie marinha. "They have horns, a digestive tract and even some sort of neural tube!!" Querm nos vissse, todos em rodinha a fazer estas observacoes só podia dizer "Coitados, uns morrem e outros ficam assim!". Cá por mim eu digo que é defeito profissional :P

O dia passou rápido. Deu para apanhar sol, conversar, rir, jogar 'a bola, fazer um concurso de "Atira a bola ao balde sem tirar o cú do sítio" por forma a decidir quem pagava o almoco a quem (coisa de macho, claro), jogar 'as cartas mas, mesmo assim... passou rápido. 'As 16:45 já estávamos 'a espera do autocarro amarelo e o Tim ainda teve que fazer um sprint digno do nome para nao perder o autocarro que partiria imperetrivelmente dentro de 17 segundos.
Depois de uma semana tao azarada, este dia nao me poderia ter sabido melhor. Soube bem o convívio, o sol, o mar. Todos estávamos a gostar e quisémos prolongar o dia o mais possível, combinando um jantar num restaurante Grego.

E' óbvio que, como única Portuguesa no meio de 2 Gregos (fomos 10 ao jantar: 2 Gregos, 1 Canadiana, 4 Franceses, 1 Austríaca, 1 "Taiwanês" e eu) nao pude deixar de ouvir bocas acerca do jogo da seleccao mas, tudo amigavelmente, e até se tornou divertido.
A comida Grega é surpreendentemente saborosa e propícia ao convívio, pois nao há um prato para cada pessoa mas sim um petiscar constante daqui e dali.

No Domingo houve concerto gratuito no Summer Stage, no Central Park. Muito embora tenha caminhado (consequência da "tragédia" de 6ª feira) o ter estado de novo com pessoal porreiro, ao sol, a ouvir música do Congo e do Zimbabwe que pôs o pessoal todo a dancar foi sem dúvida gratificante. Fartei-me de rir ao ver pessoal, 100% Americano, a dancar os ritmos Africanos ao mesmo tempo que imitavam as dancarinas no palco. Se o faziam bem ou mal, nao interessava nada. Toda a gente se estava a divertir. Em NY nao ha complexos: cada um dancava como sabia, como podia, como dava. Mesmo giro!!

Terminei o fim de semana completamente restabelecida. Fiquei morenita e nem mesmo o facto de ter que ter ido ao lab tanto no sábado como no domingo fazer algumas coisas rapidamente me tiraram a sensacao de descanso e relaxamento.

Saturday, July 10, 2004

 

Mezinhas precisam-se!

A noite de ontem acabou da maneira mais inesperada: dentro de um carro da polícia a fornecer dados sobre uma bicicleta roubada. Infelizmente, a minha bicicleta.

Saía do Instituto por volta das 21:30, já a fechar o fecho do capacete na cabeca. Encaminhei-me para o local onde deixei a bicicleta e deparo-me com isso mesmo: com o local onde a deixei. Por breves segundos experimentei a dúvida e a incerteza. "Mas eu hoje vim de bicicleta?" O capacete na cabeca trouxe-me de volta 'a realidade: a minha querida bina foi roubada.
Ironicamente, durante o breve caminho que separa a entrada principal do edifício do local onde normalmente deixava a bicicleta reparei numa outra bicicleta que religiosamente está todos os dias no mesmo sítio, com a roda da frente tirada e presa 'a roda traseira por uma grossa corrente e potente cadeado estando, por sua vez, este conjunto preso a um poste. Nos segundos que antecederam a minha descoberta o pensamento que me ocorria nao andava longe de: "Que exagero!! Como se fosse preciso tanta proteccao!!"
Mal eu sabia!!
Como uma ironia nunca vem só, nem de propósito, foi exactamente na semana passada que me decidi a comprar um capacete, para andar seguramente na minha bina. Ora pois: agora tenho capacete mas nao tenho bina! Só comigo!!

Olhando para os lados, ainda num misto de incredibilidade e dúvida, vejo que mesmo ao meu lado está estacionado um carro da NYPD. Esta foi concerteza a mais rápida declaracao de uma ocorrência, após descoberta do furto. Ainda nao tinham passado 30 segundos sobre a descoberta do roubo e já eu estava inclinada 'a janela do carro da bófia, de capacete na cabeca (ridículo) a dizer "I am sorry Sir but I have to report a stolen bycicle!"

Os agentes foram simpáticos e, dentro da inércia típica destas instituicoes (sim, em NY é excatamente o mesmo que em Portugal), até nem demoraram muito. AInda se ofereceram para me levar a casa mas, precisava de andar para desanuviar e digerir os acontecimentos... nao só este mas os da semana toda.

Ando numa semana de particular azar que comecou pela perda do meu cartao de indentificacao da NYU há uns dias atrás o que, indirectamente, viria a ser a causa para o roubo da bicicleta. Uma vez que estes cartoes podem ser depositados em qualquer caixa do correio quando encontrados, na certeza de que serao entregues 'a instituicao, esperei durante uma semana para ver se o dito aparecia. Sem identificacao, o acesso ao abrigo onde normalmente os funcionários da NYU deixam as suas bicicletas era-me negado pelo que, EXCEPCIONALMENTE, deixei a bicicleta na rua. Ontem seria o último dia que o faria pois, na 2a feira, já terei novo cartao. Azar... muito azar.
A juntar 'a festa, as experiências nao têm funcionado, tenho partido algum material inexplicavelmente e recebi a excelente notícia de que o meu chefe se poderá mudar para Boston (o que de momento é tudo menos ideal). Porque o acesso ao ginásio também depende do cartao, nao pude praticar desporto, o que me fez acumular muitas energias negativas.
Ontem, depois de tudo isto, ao chegar a casa magoei-me no pé e sujei com sangue a carpete branca do meu quarto. Pior a emenda que o soneto, ao tentar limpá-la nao ficou muito melhor. Coisa pouca comparado com tudo o resto mas, o suficiente para me fazer dizer "Porra, mas que mal fiz eu???"
Nem forcas tinha para chorar de tao desanimada que estava.

Para esta manha tinha combinado ir 'a praia com uns amigos.
Dada a onda de azar com que ando, ocorreu-me logo que acordaria e que estaria a chover. Felizmente nao estava e passámos um dia super agradável.
Contudo, hoje de manha cortei-me num dedo.... só comigo!!!!

Alguém sabe uma mezinha??

Wednesday, July 07, 2004

 

Uvas de Madrugada

Acabei de chegar de um concerto.
Acabei também de descobrir que, 'as 01:30 da matina, a música da frutaria muda. Em vez de música clássica, desta vez era o Bob Marley quem sonorizava o cenário. Deve ser por aquela hora, só mesmo aqueles que andaram na passa é que se podem lembrar de ir comprar fruta... uvas, claro! :)

Sunday, July 04, 2004

 

Para evitar queixas...

Eis-me a relatar um pouco do que têm sido os últimos dias.
No sábado fui dar uma volta de bicicleta com o Rui e com o Vitor, após ter passado a manha no lab. Soube mesmo bem ir para a rua e aproveitar o excelente dia de sol e calor. Porque o caminho se adivinhava longo e porque cuidados nunca sao demais, antes de inciarmos a nossa "pedalada" até Central Park, onde nos iriamos encontrar com o Vasco, o Rui insistiu que fossemos comprar um capacete para a minha cabeca. "Hoje faco de teu pai!" disse, e ainda ebm que o fez pois fruto da preguica já ando para comprar o dito capacete há meses e nunca mais me predispunha.
Assim, devidamente equipada, lá seguimos para Central Park. O bom tempo trás toda a gente para rua. Vêem-se ciclistas e corredores em todo o lado. Nas areas relvadas de qualquer parque há pessoas a apanhar sol, a fazer um pic-nic ou a ler. A cidade polula. Do Central Park seguimos para o Upper West Side, até a uma ponte com um farol vermelho por baixo, já para os lados da rua 160. Até lá, passámos por um parque e apanhamos a marginal junto ao rio Hudson. 'A medida que subíamos, o pessoal que ocupava as 'areas 'a beira rio era claramente latino, pois confundiam-se as melodias das diferentes Salsas que eram cuspidas pelos altifalantes de cada carro, cada um a competir com o vizinho. Fogareiros, geladeiras, familias, bolas, bebés e criancas... Achei divertido!
Chegados ao dito farol, decidimos também nós descansar um pouco 'a sombra de umas 'arvores 'a beira rio. Recarregadas as energias, comecamos a pedalar para sul, sempre junto ao rio, mas desta vez tendo o Financial District, ponta Sul da ilha, por horizonte. Até lá chegarmos a vista foi sempre bonita e prazenteira, com as 'aguas do rio a reflectirem a luz do sol. Pontoes, parques para criancas, exibicoes de navios e porta-avioes, escola de trapezistas, escola de canoagem, heliporto para passeios sobre NY, muita gente, muitos casais, muitos gays, muitos ciclistas, corredores, skaters, patinadores... Basket, baseball...
Várias vezes dei por mim a pensar "Esta cidade é de facto extraordinária e única!!"
Até o Rui me disse "J'a estás a gostar mais de estar cá, nao estás?"
E é mesmo verdade... adoro NY!

Thursday, July 01, 2004

 

Da Deus Nozes...

Hoje de manha, ao passar pela BlockBuster onde, de vez em quando, alugo uns DVDs, a palavra Injustica veio-me 'a ideia.
Lá dentro vislumbrei uma das funcionárias que já conheco de vista, nao só por me ter atendido várias vezes mas, essencialmente, por ser a personificacao de uma triste ironia do destino.
Se por um lado o caco é imediatamente visível por entre os poucos e ralos cabelos que lhe cobrem a cabeca, por outro apresenta um imenso e farfalhudo bigode, digno do nome e capaz de fazer inveja a muito homem.
Oram digam lá se nao é irónico?

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