Monday, August 30, 2004

 

Analogias

A analogia nao podia ser melhor.

Sao tantos os avioes que sobrevoam e vigiam Nova Iorque devido ao Congresso Nacional Republicano que mais parecem moscas 'a volta de uma poia de trampa.

Tuesday, August 17, 2004

 

Filme de Terror: Ficcao ou Realidade?


Esta questao assaltou-me várias vezes após os episódios dos últimos dias. Isto porque o que deveria ter sido um filme de terror no cinema nao mais foi que um motivo de paródia e o que deveria ser sempre agradável e aprazível, por breves (longos) instantes tornou-se o filme de terror da minha vida.

Fui ver o filme Japonês "Gozu", de Miike Takashi (que aconselho vivamente aos mais "open-minded"), supostamente uma película de terror, de nos manter em constante sobressalto e inadvertidamente a cravar os dedos no braco da cadeira. Curiosa e agradavelmente revelou-se um filme digno do FantasPorto, com requintes de humor ambiguamente macabro e inocente. Ainda hoje, passados alguns dias, cada vez que me lembro de algumas cenas nao consigo evitar sorrir e, por vezes até, rir... mesmo passando por "doudinha".

Ora, se paguei um bilhete para ver um filme de terror parece que quem quer que seja o "Santinho do Cinema" se sentiu na obrigacao de me fazer passar pelos momentos de pulsacao acelerada e constante contraccao muscular respectivos.... mesmo que já fora do cinema.
Assim, eis-me a viver um dos piores momentos da minha vida.

Cenário:
- regresso a casa, 'a noite, perto da meia-noite
- rua deserta
- prédio deserto, entrada vazia
- luzes fluorescentes... frias

(música de suspense)

- abro porta do elevador
- o ranger da porta rasga o silêncio monótono dos ares condicionados
- entro no elevador
- a porta fecha-se atrás de mim
- pressiono o botao prestes a entrar na mais longa viagem de sempre até a um 4º andar
- já em andamento, completamente fechada na pequena caixa do elevador, olho para cima
- no candeeiro, atraído pela luz.....

(tum-tum... ... ... tum-tum... ... ... tum-tum)

- um gafanhoto ENORME, verde, cheio de patas, longas, ENORMES
- E N O R M E !!!!!!!!!!!!!!!

(tum-tum-tum-tum-tum-tum-TUM-TUM-TUM-TUM!!!!!!!)

- bater cardíaco acelerado
- senti o pânico percorrer-me o corpo
- todos os meus músculos se contrairam
- soltei um grito surdo
- pressionei freneticamente os botoes que alcancei... nada parou o elevador
- continuei fechada, enclausurada com aquele BICHO HORRIVEL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- mesmo por cima de mim

- acocorei-me no chao
- cobri a cabeca com o casaco
- fechei os olhos com forca
- abracei os joelhos com forca
- senti calor e frio
- senti um hipersensibilidade que torna todo e qualquer toque repugnante
- já o sentia no meu cabelo... as patas... no pescoco, nos ouvidos... na pele
- senti comichao... irritacao.... pele ficou cheia de manchas vermelhas
- senti o pânico, mais forte
- senti a fobia

- "go FAST! go FAST!"

- "LET ME OUT! LET ME OUT!!!!!!!!!!!!!"

- 1º andar......

- "LET ME OUT! LET ME OUT!

- 2º andar.....

- TUMTUMTUMTUMTUMTUMTUM

- 2º andar... quase 3º, mas ainda 2º
- 3º andar
- aperto mais os joelhos, baixo mais a cabeca
- respiracao ficou sustida sem sequer ter reparado

- "vai DEPRESSA, DEPRESSA!!! por favor... DEPRESSA!!!

- 4º andar
- elevador abranda na subida

- "DEPRESSA! DEPRESSA!!!"

- abranda, abranda, nunca mais pára
- finalmente pára

- "ABRE! ABRE! ABRE!"

- como se me faltasse o ar
- porta de seguranca demora segundos (horas!!!!!!!!!!!!!) a abrir
- abriu
- precipito-me para fora: atiro com mala, guarda-chuva, casado... tudo para o chao
- fujo para o lado oposto
- sacudo cabelos, roupa
- esfrego bracos, pernas
- evito tocar o chao
- evito que tudo me toque
- tento libertar-me de um sujeira invisível
- tento libertar-me de uma doenca inexistente
- tento libertar-me de uma comichao que vem de dentro
- fico estática... olho para as minhas coisas no chao
- porta fecha-se

- nada
- silêncio
- nada

(coracao)

- "Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii" (flatline)
- "Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.... pi..... pi...."
- "TUMTUMTUM...."
- "TUM-TUM-TUM.... tum-tum-tum... tum... ... ... tum... ... ..."

- finalmente expiro

O gafanhoto nem me tocou... ficou lá dentro, indiferente ao oceano de terror que se desenrolou e agitou debaixo dele.
Ainda hoje fico com comichoes só de pensar no que se passou. Quem me conhece sabe o quao horrível e terrível esta situacao foi para mim... nao a desejo ao meu pior inimigo.
Durante uns dias nao usei AQUELE elevador e na falta de alternativa segui pelas escadas.
Hoje, finalmente, o racional impôs-se e usei-o pela primeira vez... nao sem antes, é claro, inspeccionar tudo e mais tudo, minuciosa e pormenorisadamente... e inspeccionar tudo de novo. Mesmo assim, ainda nao estava muito convencida.
Consegui chegar a casa sa e salva. O HORRIVEL bicho... ENORME, nao estava lá.


Friday, August 13, 2004

 

Terroristas, Ladroes, Malandros... mas bem educadinhos, se faz favor!

Ultimamente a área onde moro encontra-se constantemente vigiada por polícias que, para além de andarem pela área em bicicletas e carros, também fazem turnos junto a umas baias que puseram a bloquear todas as entradas e onde mandam parar carros para que estes se identifiquem e sejam sujeitos a vistoria.

Nao sei porque motivo, de repente, aquela área passou a ser tao protegida. E' certo que há cerca de 1 mês atrás houve 3 assaltos na área mas, PENSO, nada que justifique tal alarido. Quanto 'a possibilidade de terroristas, acho que esta será muito mais premente em áreas mais afamadas, como Financial District, Empire State Building ou Times Square... PENSO. Mas, como eu penso 'a Tuga, isto agora nao interessa nada!

Exagero ou nao, confesso que nao me incomoda nada saber-me numa área vigiada e protegida pelas autoridades responsáveis. Contudo, tais medidas cairam por terra quando constatei no outro dia que, de facto, controlam as entradas... mas SO'as entradas. Passo a explicar:
- moro num agrupamento de prédios no meio e 'a volta dos quais existem zonas verdes e com flores pelo que, para se ter acesso 'a área com o carro, se entra por uma estrada de sentido único, perpendicular 'a 1ª Avenida, que segue em semi-círculo, passa pela zona residencial e desemboca de novo na 1ª Avenida.

Assim, estas azémulas da NYPD (que nao têm outro nome) poe-se, qual esquadrao da morte, na entrada do semi-círculo, com baias, lanternas, apitos, luzes e sei lá que mais mas, no fim do semi-círculo... népias! Ninguém!

Aqui estou eu, na maior potência do Mundo, sob as mais terríficas ameacas de Terroristas, Ladroes, Malandros e afins mas... alto lá!!! Muito embora isto soe mau, nao esquecamos que estes maltrapilhos sao todos muito bem educadinhos e, nao passaria pela cabeca de nenhum deles que se enfiassem pela estrada em sentido inverso. Nah! Nah! Alto e pára o baile que respeitinho e educacao sao muito bonitos, ah!

Mas que ideia mais absurda!!! (um par de estalos)

Nao se espera outra coisa se nao que cumpram as regras de trânsito! (outro par de estalos)

Com sorte os polícias até estao 'a espera que, quem quer que seja a ameaca, se aproxime deles e lhes peca autorizacao para assaltar um apartamento, despoletar uma bomba ou dar um chuto ao cao.

Só comigo!!!

(um par de estalos nos polícias... PENSO)

 

Silencio: de ouro ou de chumbo?

Fomos todos 'a praia: um grupo bastante internacional, como já vem sendo costume, o que facilmente gera conversas interessantes... ou, pelo menos, inesquecíveis.

O dia estava quente mas a água nem por isso muito apetecível pelo que, quais largatos, estávamos deitados na areia, numa de letargia solar, meio que acordados meio que a dormir. O Argentino dizia-me que tem um Brasileiro no laboratório dele que lhe ensinou a expressao "Tapinha nao doi!". Ao ouvir isto, o Grego, que se encontrava deitado junto 'a namorada Canadiana, soergue-se e diz, com um sorriso malandro já a antecipar que dali nao vinha coisa boa, que "tapinha" é muito semelhante a uma outra expressao em Grego, desta feita "Tapiné".
Nisto, qual porca Piggy dos marretas ensinada por Pavlov e exibindo um reflexo condicionado, a Canadiana levanta a cabeca de supetao, toda desgrenhada, cabelos a cobrir o rosto que, desajeitadamente puxou para trás e, antes que pudéssemos perguntar o que queria dizer, diz alegre e orgulhosamente: "Eu conheco essa expressao!!!!"
Como demorava em lembrar-se o que queria dizer, insistimos, "Mas o que quer dizer?!"
Ainda com uma expressao estampada no rosto de quem vasculha os cantos da memória em busca da resposta que, por certo, tinha na ponta da língua (literalmente), a Canadiana viu o seu pensamento interrompido pela resposta do namorado:

"Quer dizer "Ela engole"!!"

Quem engoliu, mas desta vez em seco, foi ela.

Ficou um silêncio pesado, de chumbo, deixando adivinhar gargalhadas interiores desmesuradas naqueles que, disfarcadamente, baixaram a cabeca ou olharam para o lado. O silêncio dela teria sido de ouro. Ainda bem que nao foi, pois para nós, foi hilariante.

Friday, August 06, 2004

 

Contradicoes...

Conheci alguém que nao chora... curiosamente, a pessoa com mais razoes para o fazer.
A mais triste!

Tuesday, August 03, 2004

 

E a Morte Passa ao Lado...

Almocava descansadamente com o meu amigo Rui no pequeno espaco verde confinado entre os edifícios que formam o NYU Medical Center. Nao é ideal concerteza mas... o que se consegue arranjar nesta selva de cimento e asfalto.
E' costume encontrar-se muita gente por ali que aproveita os escassos minutos de almoco para vir um pouco para o exterior e aproveitar um pouco o sol. No meio de todas estas, uma destacava-se pelo choro convulsivo e sofrido.

"Provavelmente alguém que morreu!", comentou o Rui. "Já vi várias cenas destas".

Só aí me apercebi que, o facto de entrar no Medical Center e me dirigir directamente para o Instituto de Investigacao pura e simplesmente me protege e faz ignorar todo o turbilhao de sentimentos, fisicos e emocionais, que percorrem os muitos corredores dos outros edifícios, estes hospitais. Tive a plena consciência do quao ignorantes nos tornamos das várias realidades quando estas nao interferem directamente com a nossa experiência diária... como foi o caso.

"A morte passa-me mesmo ao lado todos os dias e nem dou por ela!", pensei.

Contudo, a ausência desta consciência torna, na maioria das vezes, a nossa existiencia um pouco mais feliz. 'As vezes mais vale nem saber! Mais vale viver sem ser em constante sobressalto e angústia... e, mesmo assim...
Hoje até me arrepiei quando ouvi no rádio que a BT apreendeu um condutor que conduzia com 4.7 g/l de álcool no sangue. Só para os mais distraídos, relembro que o limite legal está estabelecido na 1.2 g/l.

A morte passa-nos mesmo ao lado... constantemente!

'As vezes mais vale nem saber!

This page is powered by Blogger. Isn't yours?