Thursday, May 06, 2004
Sensibilidades
Hoje tive um dia repleto de "ser humano"... como ja' ha' muito nao sucedia.
Hoje pude beijar, abracar e rir. Sentir o contacto e proximidade de outra pessoa, por fora e por dentro... ficar feliz!
Durante a tarde, enquanto preparava uma apresentacao, de fones enfiados nos ouvidos e embrenhada no som dos pensamentos e da musica, sinto tocarem-me no ombro.
"Would you like to come for a break?"
Era a Nathalia, moca com quem trabalho em algumas partes do meu projecto. E' alguem que, mesmo antes de eu vir para ca', ja' me apoiava e ajudava muito e com quem, se bem se lembram, passei algumas aventuras aquando da compra e transporte de mobilia para o quarto. Sempre a senti como a minha "maezinha", pois e' mais velha e sabia e tem uma sensibilidade extraordinaria para nos fazer sentir bem mesmo quando nao fazemos tudo acertadamente. Apoia-me sempre, em tudo. Gosto muito dela! Desde logo, como boa Portuguesa que sou, que senti vontade de lhe expremir a minha gratidao com um abraco apertado mas, nao fosse eu interferir com identidades culturais (tal como acontecia na Alemanha sempre que me dirigia alguem para a beijar na cara. Reagiam como se eu estivesse a fazer a maior barbaridade) nunca me atrevi a tal.
Contudo, acho que ela conseguiu perceber isso e hoje chamou-me e friso, especialmente a mim, para me confidenciar algo que lhe e' extremamente precioso e pessoal. Como confidencia que e', e' obvio que nao vou referir sobre o que falamos mas, agradou-me imensamente saber que, alguem que admiro e gosto, nutre por mim confianca suficiente para me falar de algo sobre o qual nao se sentiu 'a vontade para falar com outros colegas de laboratorio, maioria deles companheiro de anos. "Sei que tu vais perceber e ficar feliz por mim. Es uma pessoa muito sensivel!"
Acertou, fiquei felicissima por ela e ai' sim, dada a prova de confianca, senti-me com todo o direito de a abracar e felicitar. Soube tao bem! O contacto humano/fisico e' das coisas de que mais falta sinto e que, por muitas chamadas telefonicas e mails, nao consegue ser colmatado. Soube bem a proximidade fisica, a cumplicidade e a amizade que obviamente se consolidou.
Soube bem o "ser humano"!
Considero-me uma pessoa sensivel. Surpreende-me, no entanto, verificar que, 'as vezes, o que considero ser uma sensibilidade normal se revela algo extremamente novo para os outros. Lembro a surpresa do Joao ao ver lagrimas correrem-me pelo rosto em determinados trechos do concerto de musica classica a que fomos assistir. Mesmo estando habituados 'a minha maneira de ser, tambem ja' consegui por diversas vezes surpreender os meus pais ao lembrar-me de pormenores, na sua maioria relacionados com cheiros e sons, ocorridos na minha infancia e que passaram despercebidos a quase toda a gente. Aqui, as pessoas estranham que a primeira coisa que menciono ao referir-me a saudades seja o Mar... mas a mim parece-me tudo tao normal!
Se calhar tenho, de facto, uma maneira de sentir as coisas que nao e' comum... talvez percepcione a realidade demasiado intensamente ou atraves de prismas que, na sua maioria, as pessoas nao possuem...
Nao gostaria de sentir de maneira diferente.
Sou assim e nao quero mudar... mas esta consciencia traz-me tambem alguma tristeza. Acontece muitas vezes tentar partilhar pequenas coisas que para mim sao importantes e nao receber qualquer feedback... nao sou compreendida. Assim, traz-me a tristeza de perceber o quao dificil e' encontrar alguem que partilhe e compreenda o meu "Eu". Alguem que me consiga ver e apreciar pelo que eu sou, pela maneira como eu sinto e vivo as coisas... Sera' assim tao dificil?
Por isso fiquei tao feliz com a atitude da Nathalia.
Por uns momentos ela "viu-me"!
Hoje pude beijar, abracar e rir. Sentir o contacto e proximidade de outra pessoa, por fora e por dentro... ficar feliz!
Durante a tarde, enquanto preparava uma apresentacao, de fones enfiados nos ouvidos e embrenhada no som dos pensamentos e da musica, sinto tocarem-me no ombro.
"Would you like to come for a break?"
Era a Nathalia, moca com quem trabalho em algumas partes do meu projecto. E' alguem que, mesmo antes de eu vir para ca', ja' me apoiava e ajudava muito e com quem, se bem se lembram, passei algumas aventuras aquando da compra e transporte de mobilia para o quarto. Sempre a senti como a minha "maezinha", pois e' mais velha e sabia e tem uma sensibilidade extraordinaria para nos fazer sentir bem mesmo quando nao fazemos tudo acertadamente. Apoia-me sempre, em tudo. Gosto muito dela! Desde logo, como boa Portuguesa que sou, que senti vontade de lhe expremir a minha gratidao com um abraco apertado mas, nao fosse eu interferir com identidades culturais (tal como acontecia na Alemanha sempre que me dirigia alguem para a beijar na cara. Reagiam como se eu estivesse a fazer a maior barbaridade) nunca me atrevi a tal.
Contudo, acho que ela conseguiu perceber isso e hoje chamou-me e friso, especialmente a mim, para me confidenciar algo que lhe e' extremamente precioso e pessoal. Como confidencia que e', e' obvio que nao vou referir sobre o que falamos mas, agradou-me imensamente saber que, alguem que admiro e gosto, nutre por mim confianca suficiente para me falar de algo sobre o qual nao se sentiu 'a vontade para falar com outros colegas de laboratorio, maioria deles companheiro de anos. "Sei que tu vais perceber e ficar feliz por mim. Es uma pessoa muito sensivel!"
Acertou, fiquei felicissima por ela e ai' sim, dada a prova de confianca, senti-me com todo o direito de a abracar e felicitar. Soube tao bem! O contacto humano/fisico e' das coisas de que mais falta sinto e que, por muitas chamadas telefonicas e mails, nao consegue ser colmatado. Soube bem a proximidade fisica, a cumplicidade e a amizade que obviamente se consolidou.
Soube bem o "ser humano"!
Considero-me uma pessoa sensivel. Surpreende-me, no entanto, verificar que, 'as vezes, o que considero ser uma sensibilidade normal se revela algo extremamente novo para os outros. Lembro a surpresa do Joao ao ver lagrimas correrem-me pelo rosto em determinados trechos do concerto de musica classica a que fomos assistir. Mesmo estando habituados 'a minha maneira de ser, tambem ja' consegui por diversas vezes surpreender os meus pais ao lembrar-me de pormenores, na sua maioria relacionados com cheiros e sons, ocorridos na minha infancia e que passaram despercebidos a quase toda a gente. Aqui, as pessoas estranham que a primeira coisa que menciono ao referir-me a saudades seja o Mar... mas a mim parece-me tudo tao normal!
Se calhar tenho, de facto, uma maneira de sentir as coisas que nao e' comum... talvez percepcione a realidade demasiado intensamente ou atraves de prismas que, na sua maioria, as pessoas nao possuem...
Nao gostaria de sentir de maneira diferente.
Sou assim e nao quero mudar... mas esta consciencia traz-me tambem alguma tristeza. Acontece muitas vezes tentar partilhar pequenas coisas que para mim sao importantes e nao receber qualquer feedback... nao sou compreendida. Assim, traz-me a tristeza de perceber o quao dificil e' encontrar alguem que partilhe e compreenda o meu "Eu". Alguem que me consiga ver e apreciar pelo que eu sou, pela maneira como eu sinto e vivo as coisas... Sera' assim tao dificil?
Por isso fiquei tao feliz com a atitude da Nathalia.
Por uns momentos ela "viu-me"!