Sunday, May 09, 2004

 

Musica (Part IV) - "Possa... Estou em NY!"

Ouvir o Boozoo Bajou ao vivo e' ja' de si algo que me deixa entusiasmada, pois gosto imenso da musica destes dois tipos. Ouvi-los num cenario tao especatcular quando aquele onde estiveram na passada 6ยช feira e' que transcendeu em muito todas e quaisquer expecativas que eu pudesse ter.
A actuacao dos DJs em questao integrou-se num conjunto de concertos entitulados "Turntables on the Hudson", eventos estes que decorrem nada mais nada menos que num barco. A paisagem nocturna e' magnifica: chegados ao West Side da rua 23 deparamo-nos com o rio Hudson que, ladeado por uma imensidao de predios iluminados, mais parece um lago enorme. A noite estava limpa e a luz da lua rivalizava com as luzes da cidade, iluminando as aguas. De um lado, as luzes de New Jersey, mais 'a frente o clarao do Financial District e, do outro lado, o Empire State Building, naquela noite vestido de azul. A noite estava agradabilissima. A brisa nao era nem demasiado quente nem demasiado fria. Ideal!
O barco, "The Frying Pan", uma vez naufragado e afundado, foi recuperado e posto de novo a flutuar. Mais parecia estarmos a entrar num museu e a viajar no tempo de tantas as historias que poderiam ser contadas pelas escotilhas enferrujadas, ferros amarelados, canos, correntes, camarotes, maquinas... Tive a nitida sensacao de estar a ver as imagens da carcaca do verdadeiro Titanic. As luzes de diferentes cores e indirectas tornavam o ambiente bastante mistico. Descido um lanco de escadas chegamos ao porao onde, num espaco amplo, fica a pista de danca. Dos lados, confundido-se com o ferro velho, alguns sofas de veludo cocado ou cobertos com mantas. Do lado oposto a uma parede cheia de alavancas de fusiveis por onde, noutros tempos, correram certamente altas voltagens, uma plataforma sobre-elevada, igualmente enferrujada, de onde se destaca a bateria e instrumentos de percursao. Um pouco atras, uma pequena sala, quem sabe um velha casa das maquinas. Na janela escancarada e sem vidros veem-se os DJs. A musica ambiente em breve se tornou em batidas mais conhecidas e fortes, chamando para a pista toda a gente, que em pouco tempo a encheu.
Nao havia um estilo unico. Toda a gente era como cada qual, imperando uma variedade enorme de visuais. Fascinou-me olhar para aquela gente toda, estar no meio da multidao, naquele ambiente surreal e fantastico, movida ao som daquelas batidas. Dancar, sentir o ritmo, fechar os olhos e sentir o leve desequilibrio que as aguas do rio Hudson provocavam ao bambolear o barco... quase que imperceptivel. Sentia euforia, quase que felicidade... Lembro-me de pensar que nao trocaria aquele momento nem o que estava a sentir por nada deste mundo.
"E' o aqui e o agora. Qual Portugal, qual Joao, qual familia... estou aqui... Possa, estou em Nova Iorque!!!"
Senti a cidade!

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