Friday, March 19, 2004
No Melhor Pano Cai a Nodoa...
Hmmm... esta' neste momento no forno um bolo de chocolate a fazer. O cheiro morno e agradavel que exala espalha-se por toda a casa. Os contornos castanhos nos meus labios ainda deixam adivinhar o lamber dos restos de chocolate. A musica de Willie Lobo embala e serve de banda sonora ao cenario.
E e' sexta feira 'a noite...
Ah, como pode ser tao simples uma pessoa sentir-se bem!!
Pelo menos ja' deu para tirar o amargo de boca com que fiquei no meu caminho para casa.
Um "senhor" (que veio a provar nao ser merecedor de tal titulo), elegantemente vestido.
Fato cinzento. A maleabilidade e ausencia de rugas do tecido ao fim de um dia de uso denunciava qualidade media/alta. Colarinho e punhos brancos, imaculados. Gravata cinzenta, matizada de verdes e amarelos, a combinar. Um conjunto sobrio. Sapatos envernizados. Cabelo aparado. Cara limpa e barbeada. Caminhava em direccao oposta 'a minha, no mesmo passeio, dirigindo-se para um posto telefonico que se encontrava a meio caminho, entre nos. O que me chamou a atencao foi o facto de toda a expressao corporal dele nao combinar com aquela que quem vai fazer um telefonema normalmente exibe. Nada de carteira na mao ou maos nos bolsos 'a procura de trocos ou de um cartao.
Nao, em vez disso, as maos afastavam o casaco e colocavam-se ao nivel da cintura. Continuei a andar e foram confirmadas as minhas suspeitas. Embora ja' o tivesse passado, olhando para tras verifiquei que, com requintes de premeditacao, o fulano (sim, porque a esta altura ja a imagem de senhor se tinha ha muito desvanecido), ao mesmo tempo que abria o fecho das calcas segurava o auscultador entre o ouvido e o ombro. Alguns segundos bastaram para que a urina comecasse a escorrer pela cabina abaixo.
Estava indignada. Sem dar conta estava parada a olhar para tras, incredula no que os meus olhos viam. Fico sempre neste estado quando vejo comportamentos tao deploraveis e egoistas como este.
Nao conseguia arredar pe' ao mesmo tempo que um turbilhao de palavras crescia dentro de mim para atirar 'a cara daquele sujeito. Como se nao bastasse, quando recomecou a andar na minha direccao e se apercebeu que eu estava estatica a fita-lo, esbocou um sorriso gozao e superior parando 'a minha frente como que a dizer "Sim, fiz. E agora?"
"You can't do that? you can't behave like this!!!"
"Yeah, yeah.... I needed a bathroom and..." esbocou aquele sorriso ascoroso de novo.
Nausea... provocava-me vomitos... sentia os olhos brilharem-me de raiva.
Sem me aperceber, ja' a minha voz se tinha elevado e ja' estava naquele estado unico e intrinseco a estas situacoes em que parecem existir duas realidades paralelas e me consigo ver na situacao a pensar "Ines, ja estas a falar! Agora e' tarde de mais!".
"This is a complete disrespect to whoever wants to use that phone booth. You can't do this!!!"
Sorriso de novo... nova onda de raiva!
"So, are you going to give me a ticket?"
"Shame on you!!! You ought to be ashame of yourself!! Shame on you!!" Estas palavras foram "cuspidas" da forma mais desprezivel e gutural que possam imaginar. Virei costas...
Mas onde estao a educacao e civismo?
Sao perguntas que ja' me atravessaram o espirito em diversos locais: Portugal, Alemanha, Franca.... Estados Unidos nao poderiam, obviamente, ser excepcao. Cada vez mais valorizo a educacao que os meus pais me deram que, nos dias que correm, mais parece ser uma excepcao do que a regra.
Mas porque tem que ser assim? Sera' assim tao dificil? Sera' que estas... acho que e' pessoas que lhes chamam (embora 'as vezes nao esteja convencida) mijam nos cantos das suas casas? Cospem no chao? Claro que nao! Entao, qual e' a diferenca?
Ser uma rua, um espaco maior? La' porque numa cidade sao mais um entre muitos isso nao os destitui de responsabilidades individuais. Sao cidadaos... sao elos da mesma cadeia, habitantes da mesma casa, da mesma cidade. Porque sera' que se desenvolvem estes comportamentos egoistas e animalescos cada vez que se vislumbra a possibilidade de invisibilidade e vulnerabilidade que um meio citadino providencia? So' saberao estas pessoas seguir regras e ter uma conduta apropriada quando observadas e controladas?
E' triste se assim for... pois parece que por vezes nada nos distingue dos animais, onde os comportamentos de grupo e de hierarquia sao necessarios para a existencia da especie... estes, sim, nao sao racionais. Seremos nos?
Parece-me que 'as vezes nao....
E e' sexta feira 'a noite...
Ah, como pode ser tao simples uma pessoa sentir-se bem!!
Pelo menos ja' deu para tirar o amargo de boca com que fiquei no meu caminho para casa.
Um "senhor" (que veio a provar nao ser merecedor de tal titulo), elegantemente vestido.
Fato cinzento. A maleabilidade e ausencia de rugas do tecido ao fim de um dia de uso denunciava qualidade media/alta. Colarinho e punhos brancos, imaculados. Gravata cinzenta, matizada de verdes e amarelos, a combinar. Um conjunto sobrio. Sapatos envernizados. Cabelo aparado. Cara limpa e barbeada. Caminhava em direccao oposta 'a minha, no mesmo passeio, dirigindo-se para um posto telefonico que se encontrava a meio caminho, entre nos. O que me chamou a atencao foi o facto de toda a expressao corporal dele nao combinar com aquela que quem vai fazer um telefonema normalmente exibe. Nada de carteira na mao ou maos nos bolsos 'a procura de trocos ou de um cartao.
Nao, em vez disso, as maos afastavam o casaco e colocavam-se ao nivel da cintura. Continuei a andar e foram confirmadas as minhas suspeitas. Embora ja' o tivesse passado, olhando para tras verifiquei que, com requintes de premeditacao, o fulano (sim, porque a esta altura ja a imagem de senhor se tinha ha muito desvanecido), ao mesmo tempo que abria o fecho das calcas segurava o auscultador entre o ouvido e o ombro. Alguns segundos bastaram para que a urina comecasse a escorrer pela cabina abaixo.
Estava indignada. Sem dar conta estava parada a olhar para tras, incredula no que os meus olhos viam. Fico sempre neste estado quando vejo comportamentos tao deploraveis e egoistas como este.
Nao conseguia arredar pe' ao mesmo tempo que um turbilhao de palavras crescia dentro de mim para atirar 'a cara daquele sujeito. Como se nao bastasse, quando recomecou a andar na minha direccao e se apercebeu que eu estava estatica a fita-lo, esbocou um sorriso gozao e superior parando 'a minha frente como que a dizer "Sim, fiz. E agora?"
"You can't do that? you can't behave like this!!!"
"Yeah, yeah.... I needed a bathroom and..." esbocou aquele sorriso ascoroso de novo.
Nausea... provocava-me vomitos... sentia os olhos brilharem-me de raiva.
Sem me aperceber, ja' a minha voz se tinha elevado e ja' estava naquele estado unico e intrinseco a estas situacoes em que parecem existir duas realidades paralelas e me consigo ver na situacao a pensar "Ines, ja estas a falar! Agora e' tarde de mais!".
"This is a complete disrespect to whoever wants to use that phone booth. You can't do this!!!"
Sorriso de novo... nova onda de raiva!
"So, are you going to give me a ticket?"
"Shame on you!!! You ought to be ashame of yourself!! Shame on you!!" Estas palavras foram "cuspidas" da forma mais desprezivel e gutural que possam imaginar. Virei costas...
Mas onde estao a educacao e civismo?
Sao perguntas que ja' me atravessaram o espirito em diversos locais: Portugal, Alemanha, Franca.... Estados Unidos nao poderiam, obviamente, ser excepcao. Cada vez mais valorizo a educacao que os meus pais me deram que, nos dias que correm, mais parece ser uma excepcao do que a regra.
Mas porque tem que ser assim? Sera' assim tao dificil? Sera' que estas... acho que e' pessoas que lhes chamam (embora 'as vezes nao esteja convencida) mijam nos cantos das suas casas? Cospem no chao? Claro que nao! Entao, qual e' a diferenca?
Ser uma rua, um espaco maior? La' porque numa cidade sao mais um entre muitos isso nao os destitui de responsabilidades individuais. Sao cidadaos... sao elos da mesma cadeia, habitantes da mesma casa, da mesma cidade. Porque sera' que se desenvolvem estes comportamentos egoistas e animalescos cada vez que se vislumbra a possibilidade de invisibilidade e vulnerabilidade que um meio citadino providencia? So' saberao estas pessoas seguir regras e ter uma conduta apropriada quando observadas e controladas?
E' triste se assim for... pois parece que por vezes nada nos distingue dos animais, onde os comportamentos de grupo e de hierarquia sao necessarios para a existencia da especie... estes, sim, nao sao racionais. Seremos nos?
Parece-me que 'as vezes nao....
Comments:
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olha, ainda da pra comentar! :) segui a sugestao e estou a ler as tuas memorias mais antigas :) queria so dizer-te que tb me choco com estas coisas.. como as pastilhas e beatas, as pessoas nao sei porque nao as consideram lixo.. ate têm cuidado com outras coisas, mas pastilhas e beatas de cigarro vao parar ao chão como se fosse completamente normal..eu cá sou fanática por tudo o que seja civismo, por isso, estou contigo! se fosse homem tinha-lhe mijado no lindo fato cinzento sem vincos.. parvalhão!!!!
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