Sunday, March 14, 2004

 

Mundo Pequeno

Que mundo pequenino este!
Pois se nao foi exactamente em Nova Iorque, cidade megalomana, gigantesca capital do mundo que, ao caminhar por uma das suas muitas e muitas ruas, me vou deparar com a seguinte cena: luzes, cameras, accao, tecnicos, enquadramentos, medicoes, escolha de angulos. Enquanto isto, um desgracado com um gorro cor de laranja, enquadrado no cenario desejado, todo encolhido devido ao frio, espera que no meio deste corropio todo saia a ordem para que, desta vez, seja ele a reagir 'as luzes, 'as cameras e a fazer accao. Olhando com mais atencao verifiquei que a cara da "estrela" nao me era nada desconhecida. "Pah, parece mesmo aquele actor Portugues!! Sera?!"; "Excuse me, is that guy over there, with the orange hat, Portuguese?". E era mesmo! Pedro Granger em carne e osso. Em Portugal nunca lhe pus a vista em cima e vou encontra-lo aqui... no minimo, engracado. "Pedro! Pedro! Here's someone for you!". Embora nao me conhecesse de lado nenhum, foi simpatiquissimo. No tempo de arranjarem os ultimos preparativos soube que ele esta' agora a estudar ca', em NY, onde chegou ha' 1 mes atras. Porque a dita ordem se impos subitamente nao deu para muito mais mas, soube bem ver uma cara familiar. Duas beijufas na cara e la segui eu com mais um conhecimento travado.
Por acaso nao me posso queixar da falta de contacto humano durante esta semana.
Ontem sai com o Rui, que me levou a um bar onde actuaram 3 bandas em inicio de carreira, ainda desconhecidas mas, quem sabe, um dia possiveis candidatos a um lugar na tabela de vendas de musica. Bem, talvez esta seja uma visao bastante optimista da coisa dada a concorrencia acerrima que ha' no campo e a qualidade dos intervenientes mas, porque num dos grupos tocou um dos rapazes que trabalha no instituto, por simpatia e ate porque nem eram nada maus ha' sempre esperanca. O primeiro grupo ate' nem comecou mal mas, apos 2 ou 3 musicas, deu para ver que nao saiam da cepa torta e que imperavam as guitarradas tipicas dos anos 90 mas que, nowadays, ja nao sao propriamente "o" som. "Ok, ok, nao batam mais no ceguinho. Next!!".
Ai' actuaram os Moneyshot, grupo a puxar para as tendencias musicais Britanicas. Embora nao se pudesse dizer que eram parecidos com esta ou com aquela banda nao deixei de encontrar algumas influencias de Oasis, Coldplay ou Stereophonics... por muito dispares que estes possam ser. O nosso conhecido excedeu-se e surpreendeu-nos com uma performance na bateria bastante vigorosa e energica... no fim, estava que nem um pinto, totalmente alagado! Quem diria que o Rob, moco calminho que vejo a pipetar placida e pacificamente as suas amostras, era aquela fonte de energia! Gostei essencialmente da originalidade. Terminaram com um musica que quase tinha representacao, fazendo-nos rir com piadas, tanto verbais como corporais.
Ainda a 3ยช banda nao estava a tocar ja eu e o Rui estavamos a antecipar a nossa saida prematura do local. Mesmo assim, a curiosidade levou-nos a ouvir as 2 primeiras musicas. Uma mancha preta, constituida por uma lead-singer de guitarra em punho, vestida de preto como todos os outros, dois despenteados mentais, um na bateria e outro na guitarra, e uma loira no baixo. A musica era a metalada que ja se adivinhava com o promenor de que o baterista parecia estar a ter ataques epileticos quase durante toda a performance. Claro esta que nao ficamos para ver como terminou!
Passamos por um outro bar, de ambiente marroquino e musica a condizer. Muito fixe nao fosse o facto de toda a gente la dentro estar a fumar. Pensei ser proibido mas, por razoes culturais inerentes aos paises que fumam cachimbos de agua, penso, aquele bar deve ter uma autorizacao qualquer para os poder fumar... fumar por fumar, juntam-se todos aqueles que nao podem fumar em lugares publicos e o resultado e' um ambiente completamente congestionado. Valeu pela musica e pela conversa.
A semana nao se revelou muito prolifera em resultados ou acontecimentos dignos de registo, com a excepcao de que ja estou a voltar a minha forma fisica antiga, conseguindo correr sem qualquer eforco na passadeira do ginasio, onde fui duas vezes. De referir tambem que o primeiro ensaio do coro foi engracado mas, como eramos apenas 5 pessoas (por ser um ensaio opcional) e ainda por cima so para os contraltos, nao deu para conhecer o grupo. A obra que estamos a ensaiar e' lindissima: Missa em Do Maior, op.86, de Beethoven. Para aqueles que apreciam o genero, aconselho.
Aspectos Positivos:
- Ja esta, finalmente, na minha conta bancaria o dinheiro do computador que era para vir, ja nao vinha, afinal decidiu vir e, no fim, foi-se de vez. Ufa, menos uma dor de cabeca.
- Comecei a ler um livro que me foi aconselhado pelo meu melhor amigo, Patrick, "Norwegian Woods", por Haruki Murakami. Estou a gostar e parece prometedor. Os sentimentos e paisagens descritos sao de extrema beleza e profundidade fazendo-me viajar e encontrar um pouco aquele aconchego que, por forca das circunstancias, aqui nao tenho.
- Fui almocar a um restaurante Japones, 'a borlix, uma vez que fui acompanhar um candidato a PostDoc no laboratorio onde estou. Estava delicioso e sai de la com a barriga cheia de peixe. Sempre deu para matar um pouco as saudades. Para manter a onda, este fim de semana fiz um "arroz de saltaricos", como a minha avo lhe costumava chamar, que corresponde a arroz de bacalhau. Estava mesmo bom... ate repeti e a Sema tambem gostou!
Aspectos negativos:
- Ataque terrorista em Madrid... tenha sido quem for, nao deixa de ser algo atroz e hediondo, como sempre que ha a morte de inocentes. Pena que os aspectos humanos que vem por arrasto em situacoes destas fiquem para segundo plano comparativamente 'a prioridade que se da' a politiquices.
- Fiquei desdentada num pais onde sai mais caro ir a uma consulta de odontologia do que comprar bilhete de aviao para Portugal e obter la' o tratamento. O meu belo pivot de 400 euros, supostamente indestrutivel e perene, presenteou-me com a sua bela saida de campo enquanto comia um gelado. Tenho que mudar de "treinador"... ate la, fico com uma corrente de ar sempre que rio.
- A distancia pode ser mesmo muito prejudicial em relacoes como a que tenho no momento. Instala-se uma lupa tendenciosa que magnifica exponencialmente aspectos negativos, mesmo que menores, que se tornam significativos face 'a quase ausencia de "input" positivo, proporcionalmente falando. Nada de preocupante, espero.

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